Café pesa no bolso: preço mais que dobra no RS e consumidores adaptam consumo

Com alta de 101,68% em um ano, gaúchos trocam marcas e buscam promoções para manter o hábito do café diário

O preço do café moído disparou no Rio Grande do Sul, acumulando uma alta de 101,68% em 12 meses, segundo o IPCA-15. Esse aumento, registrado até maio na região metropolitana de Porto Alegre, tem impactado diretamente o bolso dos consumidores, que vêm alterando seus hábitos para continuar tomando a bebida. A resposta da população à inflação foi imediata: muitos passaram a buscar marcas mais baratas, reduzir a quantidade consumida ou aproveitar promoções para manter o consumo de café sem estourar o orçamento.

Dados recentes da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) indicam que o reflexo no mercado já é visível. As vendas no varejo caíram 15,96% em abril em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e abril, a retração acumulada foi de 5,13%, impulsionada principalmente pelo aumento no preço médio do quilo do café, que passou de R$ 32,90 para R$ 64,80 em apenas um ano. Cafeterias e pequenos negócios do setor também sentem o impacto, enfrentando dificuldades para manter os preços atrativos diante da alta dos custos.

A instabilidade no setor tem origem em diversos fatores, como problemas climáticos, elevação dos custos de produção e a volatilidade do mercado internacional. Para os próximos meses, a expectativa da ABIC é de uma safra de 2025 apenas moderada, o que deve manter o cenário de pressão nos preços. Conforme explica Pavel Cardoso, presidente da entidade, a recuperação do abastecimento só deve ocorrer a partir de 2026, sem perspectiva de queda significativa nos valores até lá.

Apesar da crise, o café continua firme na rotina dos brasileiros. Em vez de abandonar o hábito, o consumidor tem mudado estratégias de compra, buscando alternativas para lidar com os preços altos. O mercado, por sua vez, observa atentamente esse novo comportamento, que pode ditar os rumos da indústria nos próximos anos.

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