Câmara autoriza licença de 127 dias para Carla Zambelli

A Câmara dos Deputados autorizou, na quinta-feira, 5 de junho, o pedido de licença não remunerada da deputada Carla Zambelli (PL-SP), feito em 29 de maio, seis dias antes de a parlamentar tornar pública sua fuga do Brasil. Condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Zambelli viajou ao exterior na terça-feira, 3 de junho.

A licença, assinada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e publicada no Diário Oficial da Câmara, é válida por 127 dias: 7 dias destinados a tratamento de saúde não especificado e 120 dias para tratar de interesses particulares.

Durante a ausência de Zambelli, seu mandato será ocupado pelo suplente Coronel Tadeu (PL-SP), que já atuou como deputado federal entre 2019 e 2023. Tadeu tem histórico de advertência verbal do Conselho de Ética da Câmara, por ter destruído uma placa sobre o genocídio da população negra, em novembro de 2019, durante a exposição (Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras.

A expectativa é de que Tadeu permaneça no cargo, já que, além da condenação por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e divulgar documentos falsos, a Primeira Turma do STF determinou a perda do mandato de Zambelli, aguardando apenas a formalização por ato declaratório da Mesa Diretora da Câmara.

Na sexta-feira, 6 de junho, o STF rejeitou por unanimidade o recurso apresentado por Zambelli contra sua condenação. Com isso, a prisão preventiva, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes após sua saída do país, deverá ser convertida em prisão para cumprimento de pena.

Ainda nos Estados Unidos, Zambelli declarou que pretende se estabelecer em algum país da Europa, e que seguirá atuando, segundo ela, para “denunciar a ditadura que o Brasil enfrenta hoje”. Na quarta-feira, 4 de junho, Alexandre de Moraes ordenou, além da prisão, o bloqueio do salário e das verbas parlamentares da deputada, bem como a inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol, tornando-a oficialmente fugitiva internacional.

Na quinta-feira, 5 de junho, o nome de Zambelli passou a constar oficialmente na lista de procurados da Interpol, pouco após sua entrada na Itália – país onde ela planeja residir, aproveitando sua cidadania italiana.