Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos dias já impactaram mais de 130 cidades, resultando em mortes e obrigando milhares de pessoas a deixarem suas casas. De acordo com a Defesa Civil, seis rios ultrapassaram a cota de inundação, com destaque para o Uruguai, o Ibicuí, o Jacuí e o Sinos, cujos níveis ainda apresentam tendência de elevação em determinadas regiões. Nas ilhas da região metropolitana de Porto Alegre, a situação é mais estável, com os níveis das águas mostrando sinais de estabilidade ou queda.
Para o professor Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, o cenário atual reforça o padrão de aumento das chuvas extremas no Estado, já observado nos últimos anos. Pelo terceiro ano seguido, o centro do Rio Grande do Sul sofre com enchentes expressivas, evidenciando um fenômeno que se consolida como recorrente. O especialista ressalta que a atual precipitação, embora volumosa e abrangente, concentrou-se principalmente no centro e oeste do Estado, regiões com menor densidade populacional em comparação com áreas como a serra, os vales e a região metropolitana.
Até o momento, 20 municípios decretaram situação de emergência e Jaguari declarou estado de calamidade pública. As autoridades ainda avaliam a real dimensão do desastre, mas Paiva indica que o volume de chuva registrado é comparável aos eventos de setembro e novembro de 2023. Naqueles episódios, as maiores tragédias ocorreram no nordeste e na bacia do Rio Taquari, áreas mais povoadas, o que contribuiu para danos ainda mais severos.
Em 2023, os temporais no Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição com 184 mortos e mais de 1,9 milhão de pessoas afetadas, segundo balanço da Defesa Civil. Esses números superaram as enchentes históricas de 1941. Agora, com a continuidade das chuvas e a dificuldade em conter os impactos, cresce a preocupação com a repetição de uma tragédia de proporções semelhantes.