Deslizamentos que atingiram a região em 2024 deixam maior rastro de destruição já registrado no Brasil e mantêm alto risco de novos desastres, revela pesquisa

Um estudo inédito do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revelou que os deslizamentos de terra ocorridos durante as chuvas extremas entre terça-feira, 30 de abril e segunda-feira, 6 de maio de 2024, no Rio Grande do Sul, representam o maior evento de movimentos de massa já registrado no Brasil. Foram identificados 15.087 deslizamentos, que atingiram 130 municípios e deslocaram milhões de toneladas de sedimentos, causando assoreamento dos rios e aumento do risco de novas tragédias, mesmo em cenários de chuvas de menor intensidade.
O levantamento, realizado com imagens de satélite de alta resolução, foi coordenado pelos pesquisadores Harideva Egas e Rodrigo Stabile, da Sala de Situação do Cemaden. O trabalho mostrou que 35% do volume de sedimentos movimentados chegou aos rios da região serrana, o que equivale a cerca de 10 milhões de toneladas de material, suficiente para encher quase sete estádios do Maracanã.
A Revista Pesquisa Fapesp destacou o estudo em reportagem publicada na sexta-feira, 20 de junho, abordando os dados do mapeamento e entrevistas com especialistas que participaram das avaliações dos impactos da tragédia no estado. A pesquisa contou com o apoio da Finep e do CNPq, e os resultados também foram apresentados em artigos científicos, como na revista internacional Landslides, além de relatórios técnicos e congressos.
O estudo alerta que as cicatrizes deixadas nos morros, o solo ainda encharcado e o acúmulo de sedimentos nos leitos dos rios seguem tornando o Rio Grande do Sul vulnerável, reforçando a necessidade de ações preventivas e de monitoramento contínuo na região.
A íntegra da pesquisa está disponível em Landslides e a reportagem completa pode ser lida no site da Revista Pesquisa Fapesp.