Polícia investiga nova etapa de esquema que aplicava golpes em idosos com falsas ações judiciais
Grupo é suspeito de enganar milhares de vítimas com promessas de revisão de empréstimos; valores depositados eram, na verdade, de novos contratos assinados sem consentimento

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deu continuidade, nesta terça-feira (3), à Operação Malus Doctor, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa envolvida em fraudes processuais e golpes direcionados especialmente a idosos. A ação, coordenada pela 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre sob comando da delegada Cristiane Machado Pires Ramos, resultou no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão. Os alvos principais desta fase eram ligados a uma instituição financeira que atuava na captação de vítimas e na operacionalização dos empréstimos fraudulentos.
De acordo com as investigações, essa financeira desempenhava papel essencial no esquema ao oferecer supostos serviços de revisão de empréstimos consignados. Após conquistar a confiança dos clientes com promessas de ganho judicial, a empresa firmava contratos com cláusulas que permitiam a contratação de novos empréstimos sem o pleno conhecimento dos titulares. Os valores, ao serem creditados nas contas das vítimas, reforçavam a falsa impressão de êxito nas ações judiciais. Assim, os clientes acabavam repassando parte do montante à empresa, acreditando se tratar de honorários legais.
A primeira fase da operação revelou a magnitude da fraude, que movimentou mais de 145 mil ações judiciais potencialmente falsas, sendo 112 mil apenas no Rio Grande do Sul e cerca de 30 mil em São Paulo. O líder do grupo, um advogado que já está sob investigação, foi identificado como o autor de cerca de 47% de todos os processos movidos contra instituições bancárias no Tribunal de Justiça do RS, consolidando-se como o quinto maior litigante da corte. Documentos, computadores e celulares apreendidos nesta nova etapa serão fundamentais para aprofundar as apurações.
O golpe tinha como principal alvo pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente idosos que buscavam reparação por supostas cobranças abusivas. Quando percebiam descontos indevidos em seus benefícios previdenciários, as vítimas tentavam contato com a empresa, sem sucesso. A nova fase da operação busca desvendar todos os envolvidos no esquema e reunir provas que sustentem o indiciamento dos responsáveis por crimes como estelionato, falsidade ideológica e formação de organização criminosa.