Prefeitos da Serra cobram obras urgentes em rodovias para garantir mobilidade e desenvolvimento

Lenta conclusão da BR-470 e outras necessidades de infraestrutura impõem urgência em obras como da RS-437, entre Vila Flores e Antônio Prado

Mais de um ano após a enxurrada que devastou a malha viária gaúcha em maio de 2024, prefeitos da Serra seguem pressionando o governo do Estado por ações urgentes para restaurar a mobilidade na região. A principal preocupação está na BR-470, que continua com bloqueios noturnos e sistema de pare e siga durante o dia, afetando diretamente a ligação entre Veranópolis e Bento Gonçalves.

Diante da lentidão na recuperação da principal via, os gestores municipais têm buscado alternativas para suprir a demanda logística da região, incluindo obras de infraestrutura como a conclusão da RS-437 entre Vila Flores e Antônio Prado. A iniciativa é parte de um esforço conjunto com o Corede Serra (Conselho Regional de Desenvolvimento) para incluir as obras no Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), criado para financiar a reconstrução de áreas afetadas por eventos climáticos. O fundo já recebeu R$ 3,2 bilhões, segundo o governo estadual.

Vias sobrecarregadas e estrutura em risco

Com a BR-470 parcialmente inoperante, estradas como as de Vista Alegre do Prata, Fagundes Varela e Cotiporã vêm sendo usadas como rotas alternativas, o que tem causado sobrecarga. As rodovias não foram projetadas para suportar o atual fluxo de veículos pesados, o que acelera seu desgaste.

Segundo o presidente do Corede Serra, Evaldo Kuiava, a infraestrutura rodoviária é fundamental para garantir a segurança viária, o desenvolvimento regional e um sistema de transporte mais eficiente e sustentável. Já o prefeito de Fagundes Varela, Nelton Carlos Conte, alerta para o risco de sucateamento das vias secundárias, que não devem suportar a atual carga de tráfego pelos próximos dois ou três anos — prazo estimado para a conclusão da BR-470.

Saúde e educação também são afetadas

Outro impacto direto da precariedade das rodovias é no acesso aos serviços de saúde e educação. Bento Gonçalves concentra os atendimentos oncológicos e Caxias do Sul, os cardiológicos e de alta complexidade. As cidades também são polos educacionais, com grande número de universitários da região. Devido aos atrasos e desvios, moradores de Fagundes Varela precisam sair até uma hora mais cedo para alcançar seus destinos.

Judicialização da saúde sobrecarrega municípios

Além da infraestrutura, os prefeitos também enfrentam a crescente judicialização da saúde, que obriga os municípios a custear atendimentos de média e alta complexidade — responsabilidade dos governos federal e estadual. Segundo Conte, decisões judiciais bloqueiam até 50% dos recursos municipais para garantir atendimentos, impactando severamente os orçamentos locais. Os municípios, que já destinam entre 20% e 22% do orçamento à saúde, acabam arcando com custos além de suas atribuições.

“Precisamos de uma definição clara do Judiciário sobre as responsabilidades de cada ente público. Os municípios não podem continuar bancando sozinhos um sistema que deveria ser partilhado,” defende Conte.

Obras viárias prioritárias para a Serra Gaúcha:

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