Após prejuízo de R$ 2,6 bilhões, presidente dos Correios pede demissão

O presidente dos Correios, Fabiano Silva, pediu demissão na sexta-feira, 4 de julho, após enfrentar forte pressão da Casa Civil, que cobrava medidas para reduzir gastos da estatal, incluindo a demissão de 10 mil funcionários. Em 2024, os Correios registraram prejuízo de R$ 2,6 bilhões, o que aumentou as críticas sobre sua gestão.

Posso te dizer que carta é pessoal. Como presidente dos Correios eu prezo pelo sigilo de correspondência. Nenhuma frase de minha carta de demissão será divulgada por mim”, disse Fabiano ao jornal O Globo.

A decisão de sair foi tomada para evitar constrangimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já que, segundo aliados, Fabiano avaliou que sua permanência havia se tornado insustentável após reuniões tensas com Rui Costa, ministro da Casa Civil. Na semana passada, os dois tiveram um encontro descrito como “muito tenso” por pessoas próximas.

Internamente, uma disputa no PT sobre os rumos da estatal também contribuiu para a saída. Fabiano foi indicado pelo grupo de advogados Prerrogativas, que buscou apoio de deputados do partido, mas Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria das Relações Institucionais, não se envolveu.

O comando dos Correios é cobiçado pelo União Brasil, que já controla o Ministério das Comunicações, pasta à qual a estatal está vinculada. Davi Alcolumbre, presidente do Senado e líder do União, articula as indicações do partido no governo e já tem um aliado na Diretoria de Negócios dos Correios.

Apesar do déficit bilionário, pessoas ligadas à atual gestão afirmam que os Correios não existem necessariamente para dar lucro, destacando o alto custo de manutenção das agências em todo o país. O resultado financeiro ruim também foi atribuído à cobrança de imposto sobre compras internacionais, conhecida como “taxa das blusinhas”.

Fabiano Silva resistiu aos planos de demissão e fechamento de agências sugeridos pela Casa Civil. No fim de junho, ele chegou a comunicar à diretoria que preparava uma carta para não ser reconduzido ao cargo, cujo mandato terminaria em agosto.

Aliados apontam que o presidente dos Correios se antecipou a uma possível demissão para evitar desgaste político ao governo. O Palácio do Planalto ainda não anunciou quem ocupará o cargo.

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