Produtores rurais de diversas regiões do Rio Grande do Sul estão enfrentando uma onda alarmante de ataques de cães a rebanhos de ovelhas, resultando em prejuízos financeiros e até na desistência de pequenos criadores da atividade. Em Cambará do Sul, por exemplo, o produtor Roberto Trindade relatou perdas que já ultrapassam R$ 40 mil desde o ano passado, com mais de 40 ovelhas mortas somente em 2024, além de dois novos casos recentes. Na mesma linha, o presidente do Sindicato Rural de São Martinho da Serra, João Augusto Nascimento, estima R$ 500 mil de prejuízo acumulado em três anos, lamentando a morte de animais registrados e de alto valor genético que mantinha há décadas.
Casos semelhantes têm ocorrido em cidades como São Gabriel e Canguçu. O produtor Alex Silveira denunciou em suas redes sociais que teve uma ovelha, quatro cordeiros e seis galinhas mortas após um ataque, enquanto seu vizinho perdeu 16 ovelhas. Em Rincão dos Marques, o advogado Eduardo Storniolo contabilizou R$ 7,5 mil em danos após cães matarem 15 ovinos, incluindo sete prenhes, e já prepara ação judicial contra o dono dos animais. Segundo produtores, muitos desses cães são abandonados após caçadas ou se reproduzem livremente, formando matilhas que atacam rebanhos sem qualquer controle.
Diante dos prejuízos e da insegurança, alguns criadores estão abandonando a ovinocultura. Um produtor da Fronteira Oeste relatou a perda de 30 animais em apenas uma semana e destacou que há propriedades com mais de dez cães de raças fortes, como pitbull, labrador e pastor alemão, que não têm função no manejo do campo e acabam agindo por instinto predatório. A Associação de Ovinocultores do estado comunicou o problema às autoridades, mas afirma que até agora não houve medidas efetivas para conter a situação.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais, orienta os produtores a registrarem boletins de ocorrência, pois os tutores dos cães podem responder por omissão de cautela, danos e maus-tratos. No entanto, o delegado Heleno dos Santos ressaltou que o problema também exige políticas públicas e ações administrativas dos municípios e do estado, já que se trata de questão de segurança, sanidade animal e responsabilidade social. Em nota, a Famurs declarou que aguarda a formalização de demandas pelos prefeitos para debater soluções conjuntas junto aos produtores e órgãos estaduais.
Informações Portal G1 RS.