BC suspende Transfeera, Soffy e Nuoro Pay do Pix após desvio milionário em ataque hacker

Banco Central investiga relação das três empresas com crime cibernético que desviou R$ 400 milhões de contas reservas

O Banco Central (BC) suspendeu cautelarmente as instituições Transfeera, Soffy e Nuoro Pay do sistema Pix após o ataque hacker contra a C&M Software, ocorrido na noite de terça-feira, 1º de julho. As três empresas são suspeitas de terem recebido parte dos R$ 400 milhões desviados de contas reservas que os bancos mantêm junto ao BC para cumprir exigências legais.

Segundo o BC, a suspensão tem duração máxima de 60 dias, conforme prevê o Artigo 95-A da Resolução 30 de outubro de 2020, que autoriza a medida em caso de risco ao funcionamento do sistema de pagamentos. A autoridade monetária esclareceu que a medida visa “proteger a integridade do Pix até o fim das investigações sobre o desvio de recursos”.

A Transfeera, sociedade de capital fechado autorizada pelo Banco Central, confirmou a suspensão do Pix, mas ressaltou que “os demais serviços financeiros seguem funcionando normalmente” e afirmou colaborar com as autoridades para liberação do pagamento instantâneo. Já a Soffy e a Nuoro Pay, que não são autorizadas diretamente pelo BC, mas operam o Pix por meio de parcerias com outras instituições, não se manifestaram até o fechamento desta reportagem.

O ataque hacker à C&M Software, empresa responsável por conectar instituições financeiras ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), resultou na transferência dos recursos desviados por Pix e sua conversão em criptomoedas. Nenhum dado de cliente foi vazado, informou a empresa. Na quinta-feira, 3 de julho, o Banco Central autorizou a retomada das operações Pix pela C&M.

A Polícia Federal, a Polícia Civil de São Paulo e o Banco Central investigam o caso. Nesta sexta-feira, 4 de julho, a Polícia Civil prendeu um funcionário da C&M que confessou ter vendido por R$ 15 mil o acesso aos sistemas da empresa aos criminosos – sendo R$ 5 mil pela senha e R$ 10 mil pelo desenvolvimento de um sistema de acesso remoto para os hackers.

O BC reforçou que novas medidas poderão ser tomadas para garantir a estabilidade e segurança do sistema financeiro até a apuração completa do ataque cibernético que abalou o mercado nesta semana.

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