O Brasil assumiu nesta quinta-feira, 3 de julho, a presidência do Mercosul para o segundo semestre, com cinco prioridades principais: ampliação comercial, promoção da transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades sociais. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a 66ª Cúpula de Presidentes do Mercosul, realizada em Buenos Aires, Argentina, onde recebeu a coordenação do bloco das mãos do presidente argentino, Javier Milei.
Em seu discurso, Lula destacou que o Mercosul é um refúgio para os países da região em meio a um mundo instável e ameaçador, defendendo a modernização do sistema de pagamento em moedas locais e o fortalecimento da Tarifa Externa Comum (TEC). O presidente também citou a necessidade de incorporar os setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco, além de fortalecer mecanismos de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento regional.
O acordo Mercosul-União Europeia é prioridade para o Brasil, apesar das resistências de países europeus como a França. Nesta quarta-feira, 2 de julho, o bloco concluiu negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), formada por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, e pretende avançar com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana, além de atualizar acordos com Colômbia e Equador.
Entre as medidas propostas estão:
- Lançamento da segunda edição do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), responsável por mais de US$ 1 bilhão em investimentos nas últimas décadas.
- Criação de um programa Mercosul Verde para fortalecer a agricultura sustentável e a transição energética na região.
- Defesa da coordenação regional para beneficiamento de minerais críticos como lítio, terras raras, grafita e cobre, essenciais na transição energética.
Lula também ressaltou a importância de desenvolver tecnologia própria, incluindo inteligência artificial adaptada à realidade latino-americana, e propôs trazer centros de dados para a região como forma de garantir soberania digital. Na saúde, o objetivo é transformar o Mercosul em um polo de tecnologias capazes de suprir a demanda local por vacinas e medicamentos.
No combate ao crime organizado, o Brasil estudará a criação de uma agência regional contra a criminalidade transnacional, proposta pela Argentina, além de intensificar iniciativas como o Comando Tripartite na Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, recém-inaugurado em Manaus.
Por fim, o presidente afirmou que sua gestão no bloco priorizará o fortalecimento dos direitos dos cidadãos, com o funcionamento pleno do Instituto Social do Mercosul (ISM) e do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), além do retorno da Cúpula Social do Mercosul e realização de uma Cúpula Sindical para aprofundar a inclusão social e reduzir desigualdades.
“Sem inclusão social e enfrentamento das desigualdades não haverá progresso duradouro. A força das nossas democracias depende do diálogo e do respeito à pluralidade”, concluiu Lula em seu discurso na cúpula.