Brasil inaugura maior biofábrica do mundo de mosquitos “do bem”
Unidade no Paraná poderá produzir 100 milhões de ovos por semana e promete revolucionar o combate à dengue, zika e chikungunya

O Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP) inauguraram neste sábado, 19 de julho, a Wolbito do Brasil, a maior biofábrica do mundo dedicada à criação do Aedes aegypti inoculado com a bactéria Wolbachia — técnica inovadora que impede a multiplicação dos vírus da dengue, chikungunya e zika.
Com capacidade para produzir até 100 milhões de ovos por semana, a unidade, localizada no Paraná, conta com 70 funcionários e atenderá exclusivamente o Ministério da Saúde, que irá determinar os municípios onde o método será implantado com base nos mapas de incidência das arboviroses.
O método Wolbachia é aplicado no Brasil desde 2014 e começou com liberações nos bairros de Tubiacanga e Jurujuba, no Rio de Janeiro e em Niterói. A tecnologia já foi expandida para cidades como Londrina, Foz do Iguaçu, Joinville, Petrolina, Belo Horizonte e Campo Grande, e está em fase de implantação em Presidente Prudente, Uberlândia e Natal. Em breve, a estratégia também chegará a Balneário Camboriú, Blumenau, Valparaíso de Goiás, Luziânia e à capital federal, Brasília.
A Wolbito do Brasil destaca que o método não utiliza mosquitos transgênicos e deve ser complementar a outras ações de combate à proliferação do Aedes, como a eliminação de criadouros.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, presente na inauguração, afirmou que a iniciativa coloca o Brasil na vanguarda global da biotecnologia no combate às arboviroses.
Presente atualmente em 14 países, o método consiste em liberar no ambiente mosquitos com a bactéria Wolbachia, que, ao se reproduzirem com os mosquitos locais, transmitem a bactéria às futuras gerações, tornando-as menos propensas a transmitir doenças aos humanos.
Estudos indicam que a Wolbachia, presente naturalmente em mais da metade dos insetos do planeta, pode reduzir significativamente a multiplicação dos vírus nos mosquitos. A Fiocruz estima que, para cada R$ 1 investido no método, o retorno em economia com medicamentos e internações pode variar de R$ 43,45 a R$ 549,13.
O IBMP, parceiro da biofábrica, é fruto de uma cooperação entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).