Brasil manterá negociações com EUA, mas não descarta tarifaço, afirma Haddad

Ministro da Fazenda garante que governo não deixará a mesa de diálogo com os Estados Unidos, mesmo diante da ameaça de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

O Brasil não vai deixar a mesa de negociação com os Estados Unidos, mesmo diante da ameaça de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados, afirmou nesta segunda-feira, 21 de julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à Rádio CBN, o ministro reforçou a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo insista no diálogo diplomático.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é de que nós não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção”, declarou Haddad. Ele revelou que uma segunda carta foi enviada ao governo americano na semana passada, sem resposta até o momento.

Enquanto isso, o governo brasileiro trabalha em planos de contingência para amparar os setores econômicos que podem ser impactados pelo aumento da tarifa. “Temos um grupo de trabalho se preparando para apresentar [propostas] essa semana para o presidente”, explicou o ministro. Entre as alternativas, estão ações com base na lei da reciprocidade e apoio direto aos setores mais afetados.

Haddad ressaltou que essas medidas não necessariamente implicarão em aumento de gastos públicos. Como exemplo, mencionou as ações adotadas no Rio Grande do Sul após as enchentes, baseadas em linhas de crédito e não em expansão do gasto primário.

O ministro também destacou que, embora diversos países estejam sendo atingidos pela nova política tarifária americana, o Brasil tem uma situação específica devido à relação entre Donald Trump e a família Bolsonaro. “É hora de unidade na defesa do interesse nacional. Temos uma força política de extrema direita que concorre contra os interesses do país”, criticou.

Segundo Haddad, a decisão dos EUA de aumentar a tarifa de 10% para 50% é injustificada. “O que mudou de dois meses para cá?”, questionou ele, ao relatar conversas recentes com o secretário do Tesouro americano.

Durante a entrevista, Haddad também demonstrou estranheza com a investigação anunciada por Trump sobre o Pix, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos. “O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero. Como isso pode representar uma ameaça a um império?”, ironizou.

Por fim, o ministro garantiu que o governo manterá sua meta fiscal e que, até o fim do mandato de Lula, entregará o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos. “Nós vamos entregar o melhor nível de emprego, a melhor distribuição de renda e o melhor crescimento médio desde 2015”, concluiu.

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