Pacientes oncológicas e representantes da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) realizaram uma manifestação nesta quarta-feira, 9 de julho, em frente ao Ministério da Saúde, em Brasília, para cobrar o acesso a tratamentos para câncer de mama avançado e metastático já aprovados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não disponibilizados.
De acordo com Mely Paredes, coordenadora de comunicação da Femama, o objetivo do ato é sensibilizar o Ministério da Saúde a garantir o acesso aos medicamentos incluídos no Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do câncer de mama, publicado em dezembro do ano passado. “A função desse protocolo é padronizar e regulamentar todas as linhas de cuidado do câncer de mama, com as medicações de cada etapa. Havia medicações incorporadas em 2021 e 2022 para câncer metastático e avançado que não eram disponibilizadas porque não havia regulamentação”, explicou.
A manifestação integra a campanha PCDT Rosa: quantos passos faltam?, que compara a jornada de acesso aos tratamentos a uma caminhada. “Em 5 de junho deste ano, completaram-se seis meses da publicação do documento e o acesso às medicações ainda não acontece. Essas pacientes recebem tratamentos disponíveis, mas que não são os mais adequados”, afirmou Mely.
O PCDT Rosa, aprovado em dezembro de 2024, visa otimizar o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama no SUS, padronizando o cuidado e regulamentando a disponibilização das terapias. No entanto, a Femama denuncia que, mesmo com a aprovação, grande parte das mulheres com câncer de mama avançado não tem acesso aos medicamentos incorporados, o que reduz sua qualidade de vida e taxa de sobrevida.
Entre os medicamentos incorporados em 2021 e 2022 estão inibidores de ciclina e o trastuzumabe entansina. Segundo a Femama, essas inclusões representam apenas o início de uma longa caminhada para garantir tratamentos modernos às pacientes.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama ao ano no Brasil, sendo que 75% da população depende exclusivamente do SUS. “Desde 2021, já foram dados mais de 8,9 milhões de passos, considerando que uma pessoa saudável caminha cerca de 7 mil passos por dia, mas a disponibilização igualitária dos medicamentos ainda não é realidade”, informou a entidade.
A confeiteira e artesã Cintia Cerqueira, de 49 anos, luta contra o câncer de mama metastático desde 2018 e participou do ato. Ela precisou acionar a Justiça para ter acesso aos medicamentos adequados, aguardando cerca de oito meses pelo tratamento indicado pelo oncologista. “Antes, eu não andava, ficava deitada o tempo todo. Hoje eu ando. Mudou minha vida completamente. Dói mais que o câncer saber que existe um medicamento que pode te dar vida, mas que você não tem acesso. Nossa luta é para que os medicamentos sejam liberados. Não temos tempo para esperar”, desabafou.
A Femama reforça que a efetividade das políticas públicas depende da disponibilização integral dos medicamentos previstos, garantindo qualidade de vida e dignidade às pacientes.