Coca-Cola em transformação: proposta de Trump reacende polêmica sobre açúcares na fórmula

Substituição do xarope de milho por açúcar de cana divide opiniões entre políticos e especialistas em saúde

A recente proposta de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, de substituir o xarope de milho de alta frutose (HFCS) por açúcar de cana na composição da Coca-Cola, reacendeu uma discussão antiga sobre os impactos dos adoçantes industrializados na saúde pública. A mudança teria recebido sinal verde da própria empresa, e contou ainda com o apoio de Robert F. Kennedy Jr., atual secretário de Saúde, que reforçou as preocupações com os riscos associados ao consumo do HFCS.

Apesar de o açúcar de cana ser frequentemente visto como uma alternativa mais “natural”, especialistas alertam que essa troca pode gerar uma falsa sensação de segurança. Segundo a nutricionista Vanessa Giglio, tanto o xarope de milho quanto a sacarose, quando consumidos em excesso, podem causar danos significativos à saúde, como doenças hepáticas, resistência à insulina e síndrome metabólica. A principal diferença entre eles está na composição química e no grau de processamento, mas seus efeitos metabólicos são, na prática, bastante similares.

O xarope de milho, por conter maior proporção de frutose livre, é associado a maiores riscos para o fígado, o que explica parte da sua má reputação. No entanto, a real ameaça está no consumo desenfreado de bebidas adoçadas em geral, independentemente do tipo de açúcar utilizado. Para especialistas, focar apenas na substituição do ingrediente pode desviar a atenção do verdadeiro problema: a ingestão exagerada de açúcar na rotina alimentar da população.

A percepção pública de que o açúcar de cana é mais saudável se deve, em parte, ao fato de ele passar por um processo de produção menos complexo do que o HFCS, que envolve múltiplas etapas industriais. No entanto, essa diferença não é suficiente para garantir benefícios reais à saúde. Segundo Giglio, “a mudança pode ser simbólica, mas não resolve o problema central do consumo excessivo”.

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