Entenda o que é o Brics, grupo que se reúne a partir de domingo no Rio

O Rio de Janeiro volta a ser centro das atenções internacionais no domingo, 6 de julho, e na segunda-feira, 7 de julho, ao sediar a reunião de cúpula do Brics, que ocorre sob presidência brasileira. O encontro reúne 11 países-membros e dez países-parceiros, consolidando o bloco como uma voz relevante do Sul Global. Criado em 2006, o Brics surgiu inicialmente com Brasil, Rússia, Índia, China e, posteriormente, África do Sul, para promover maior influência dessas nações em organismos multilaterais como a ONU, FMI e Banco Mundial.
Atualmente, os países-membros são África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Já os países-parceiros, que podem participar dos encontros mas não têm poder de voto, foram definidos na Cúpula de Kazan, em outubro de 2024, e incluem Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
O Brics representa 39% da economia mundial, 48,5% da população global e 23% do comércio internacional, além de deter 43,6% da produção mundial de petróleo e 36% de gás natural, sendo estratégico também no fornecimento de minerais de terras raras, fundamentais para tecnologia e energia renovável.
O grupo opera como foro de articulação político-diplomática, sem secretariado permanente ou orçamento próprio, mas conta com estruturas como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado em 2015 para financiar infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Presidido atualmente por Dilma Rousseff, o banco já aprovou US$ 39 bilhões em projetos. Outra ferramenta importante é o Arranjo Contingente de Reservas (ACR), fundo que soma até US$ 100 bilhões para apoio financeiro emergencial entre os membros.
Entre as prioridades brasileiras no Brics estão cooperação em saúde global, combate às mudanças climáticas, governança da inteligência artificial, paz e segurança multilateral, além do desenvolvimento institucional do bloco. O Brasil, que já sediou a cúpula em Brasília (2010 e 2019) e Fortaleza (2014), organiza mais de 200 reuniões presenciais e online ao longo deste ano de presidência rotativa, antes de a liderança passar para a Índia em 2026.
O termo Sul Global define países em desenvolvimento localizados principalmente na América Latina, África e Ásia, que compartilham histórico de colonização e buscam fortalecer sua voz nas decisões econômicas e políticas globais. Embora muitos estejam no hemisfério Norte, como China e Rússia, são considerados parte do Sul Global por suas características econômicas e sociais.
O Brics reforça sua posição como um dos principais polos de negociação global, atraindo mais de 30 países interessados em aderir ao bloco, seja como membros plenos ou parceiros, sinalizando a crescente busca por equidade no cenário internacional e menor dependência das potências tradicionais.