Farsa com crianças: mulher é indiciada após fingir ser psicóloga e atender pacientes vulneráveis no RS

Apesar de ter montado uma estrutura profissional e atuado em três consultórios com foco no atendimento infantil, a mulher investigada foi indiciada apenas por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil de Ivoti e encaminhado ao Judiciário nesta terça-feira. Segundo o delegado Fábio Motta Lopes, a gravidade dos atos contrasta com as penas previstas, consideradas leves para quem se passou por profissional da saúde atendendo crianças com condições neurológicas. Ainda assim, a acusada continuará respondendo em liberdade.

A farsa veio à tona após uma psicóloga de Ivoti identificar o uso indevido de seu registro profissional, o que desencadeou a Operação Superego, em maio. A investigação revelou que a falsa profissional se apresentava como especialista em autismo, TDAH e neuropsicologia, além de divulgar formação acadêmica inexistente. Em seu currículo, alegava estar cursando biomedicina à distância e chegou a produzir um álbum de formatura falso com toga e diploma cenográfico. Na casa da investigada, a polícia encontrou materiais típicos de um consultório verdadeiro, como agendas de pacientes, cartões de visita e receituários.

Além do inquérito de Ivoti, outro procedimento está em andamento em Porto Alegre, onde familiares de pacientes também denunciaram a atuação irregular. Há possibilidade de que a investigada seja indiciada por estelionato, já que cobrava R$ 130 por consulta. Esse terceiro crime prevê pena de até cinco anos de prisão, agravada por envolver vítimas vulneráveis. Os atendimentos ocorriam em Porto Alegre, Canoas e Guaíba, e mandados de busca foram cumpridos simultaneamente nos três locais no último dia 15.