Na zona rural de São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, uma galinha de estimação surpreendeu seus donos ao começar a exibir traços típicos de um galo. Com dez anos de convivência com a família de Moisés Andersen Alencastro, a ave chamada Liebling começou a passar por mudanças físicas inesperadas, como o surgimento de crista, esporão e penas alongadas — características normalmente exclusivas dos galos. O processo foi gradual e se estendeu ao longo de seis meses, as informações são do Portal G1 RS.
O responsável por esclarecer o fenômeno foi o médico veterinário e professor Eduardo Antunes, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Ele explicou que a transformação ocorre quando o ovário esquerdo — o único funcional nas aves fêmeas — deixa de operar por completo, seja por lesão ou condição de saúde. Com isso, o ovário direito, normalmente atrofiado, começa a se desenvolver de forma atípica, formando um “ovo-teste”, estrutura que mistura funções masculinas e femininas. O resultado é uma produção maior de testosterona, o que provoca uma mudança morfológica e comportamental no animal.
Apesar da aparência masculina e da cessação da postura de ovos, Liebling segue sendo, biologicamente, uma galinha. O fenômeno é raríssimo: ocorre em cerca de uma a cada 10 mil aves. Casos semelhantes já foram registrados em outros países, como a Inglaterra. Curiosamente, Moisés havia aprendido sobre esse tipo de reversão sexual no curso de Educação do Campo da Furg, onde teve aulas com o próprio professor Eduardo. Ao notar as mudanças em sua ave, buscou o antigo professor, que confirmou o diagnóstico com base nas características visíveis.