Governo cria comitê para negociar tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros

Grupo liderado por Geraldo Alckmin reúne indústria e agronegócio para definir estratégias de reação à medida adotada por Donald Trump

Um comitê interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reunir representantes da indústria e do agronegócio para definir estratégias de negociação e tentar reverter as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O grupo será coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

A primeira rodada de reuniões acontece na terça-feira, 15 de julho, na sede do MDIC, em Brasília. Pela manhã, às 10h, serão ouvidos setores da indústria com forte relação comercial com os EUA, como os de aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados e autopeças. À tarde, às 14h, será a vez do agronegócio, incluindo segmentos que exportam suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado.

Participam do comitê representantes da Casa Civil, dos Ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, da Agricultura (Mapa), do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Pesca, além do Ministério de Portos e Aeroportos.

Segundo Alckmin, o diálogo com os setores visa mobilizar também empresas norte-americanas, que seriam prejudicadas com o tarifaço. “Vamos conversar com as empresas americanas e com a Câmara de Comércio Exterior Brasil-EUA (Amcham)”, declarou o vice-presidente, destacando a interdependência das cadeias produtivas entre os dois países.

Alckmin revelou que o Brasil já havia feito uma proposta de negociação em maio, antes do anúncio oficial das tarifas, mas ainda não obteve resposta do governo dos EUA. “No dia 16 de maio, foi encaminhada, em caráter confidencial, uma proposta de negociação para os Estados Unidos e não foi respondida ainda”, afirmou.

Apesar das tensões, Alckmin negou que o Brasil tenha solicitado prorrogação de prazo ou mudança no percentual da tarifa. “Estamos ouvindo os setores mais envolvidos para que o setor privado também se mobilize com seus congêneres nos EUA. Todo o empenho é em rever essa questão, porque ela é totalmente inadequada”, concluiu.

Sair da versão mobile