Haddad minimiza tensão com os EUA e diz que medida é artificial: “Vai se dissipar”
Ministro da Fazenda afirma que conversas estão em curso e que o impacto real das tarifas será conhecido apenas na sexta-feira, 1º de agosto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira, 30 de julho, que a tensão gerada pelas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros é artificial e tende a desaparecer. De acordo com ele, as conversas com o governo norte-americano estão evoluindo, e mesmo com a promessa de entrada em vigor das tarifas em sexta-feira, 1º de agosto, as negociações continuarão.
“Se depender do Brasil, essa tensão desaparece, porque é artificial. E produzida por pessoas do próprio país. Não faz sentido brasileiros alimentarem essa tensão”, afirmou Haddad durante conversa com jornalistas no Ministério da Fazenda, em Brasília.
O ministro citou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos articulando medidas contra o sistema judicial e econômico do Brasil em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eduardo é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por essa atuação, classificada como tentativa de interferência estrangeira.
A crise foi acentuada após o presidente norte-americano Donald Trump enviar, em quarta-feira, 9 de julho, uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Trump mencionou Jair Bolsonaro na justificativa da medida e sugeriu a anistia do ex-presidente.
Haddad reiterou que é necessário aguardar o posicionamento oficial de Washington. “Nós precisamos saber qual é a decisão do governo dos EUA. Antes disso, fica muito difícil”, destacou. Ele informou que poderá acompanhar o vice-presidente Geraldo Alckmin em uma viagem aos Estados Unidos para avançar nas negociações com o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick.
“Assim que tiver uma agenda estruturada, sim. Já estive na Califórnia com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Tenho tentado contato com ele, que está na Europa fechando acordos. Mas sua assessoria sinalizou a possibilidade de uma conversa quando ele retornar aos EUA”, acrescentou o ministro.