Jumentos brasileiros podem desaparecer em cinco anos por uso em gelatina medicinal chinesa

A sobrevivência dos jumentos brasileiros está ameaçada diante de um cenário alarmante: a população desses animais despencou 94% desde 1996, passando de 1,3 milhão para apenas 78 mil em 2025. O motivo está diretamente ligado à demanda pela gelatina medicinal chinesa chamada eijao, produzida a partir do colágeno extraído da pele dos jumentos. Utilizada há mais de dois mil anos na medicina tradicional chinesa, essa gelatina é considerada um suplemento que fortalece a saúde, combate anemia e promove vitalidade, sendo cada vez mais consumida pela classe média chinesa.

Relatórios internacionais alertam que o Brasil pode ver seus jumentos desaparecerem até 2030, seguindo o exemplo de países como Egito, Quirguistão e partes da África, onde os rebanhos já praticamente sumiram. Entre 2018 e 2024, cerca de 248 mil jumentos foram abatidos no país, um salto significativo em relação a períodos anteriores, segundo o The Donkey Sanctuary. A entidade aponta ainda que, no mundo, cerca de 5,9 milhões de jumentos já foram mortos para essa finalidade, gerando um movimento global em defesa da preservação da espécie.

No Brasil, não existem fazendas de reprodução desses animais, o que agrava a situação. Eles costumam ser capturados em estado de abandono, comprados ou acumulados em propriedades improvisadas até que se juntem quantidades suficientes para justificar o transporte aos abatedouros. Organizações de defesa animal denunciam que muitos chegam aos locais de abate debilitados, doentes, famintos e sem água, enfrentando condições de crueldade extrema antes de morrerem.

Atualmente, dois projetos de lei estão em tramitação para barrar o abate e a exportação de jumentos. Um deles, o PL 2387/22, propõe proibir a prática em todo o território nacional, tanto para consumo quanto para exportação. Enquanto isso, campanhas como Fim do Abate buscam mobilizar a opinião pública para garantir que esses animais não desapareçam definitivamente do Brasil nos próximos cinco anos.

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