Em meio a fortes cobranças sobre os gastos em viagens internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por se hospedar na Embaixada do Brasil em Buenos Aires durante a cúpula do Mercosul nesta semana. Essa decisão ocorre após críticas por sua estadia anterior, em janeiro de 2023, no Alvear Palace Hotel, onde a diária da suíte presidencial ultrapassava R$ 14 mil, gerando desconforto político e questionamentos sobre excessos em sua política externa.
Apesar de aliados negarem que essa escolha tenha sido uma resposta direta às críticas de austeridade, o governo confirmou que a embaixada possui estrutura diplomática adequada para receber o presidente e sua comitiva com segurança e privacidade, evitando polêmicas que desviem o foco das discussões econômicas e estratégicas do bloco, como as tratativas com a União Europeia. Lula desembarcou na Aeroestação Militar Aeroparque na noite de quarta-feira (2) e ficará no país até quinta (3), quando embarca para o Rio de Janeiro, onde tem compromissos já na sexta-feira (4).
Durante sua participação na cúpula, Lula afirmou que pretende assinar o maior acordo comercial da história entre Mercosul e União Europeia ainda em seu mandato como presidente do bloco. O acordo, negociado desde 1999 e concluído em 2019, passou por revisões até 2024 e agora aguarda ratificação europeia. Lula ressaltou que o tratado abrangerá 722 milhões de pessoas e um PIB conjunto de 27 trilhões de dólares, e se comprometeu a negociar diretamente com o presidente francês Emmanuel Macron para garantir sua aprovação.
Esta é a primeira visita do presidente à Argentina após Javier Milei, crítico declarado de Lula e aliado de Jair Bolsonaro, assumir o governo argentino. O Brasil ocupa agora a presidência rotativa do Mercosul, que reúne Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia, em um momento de desgaste com o Congresso Nacional e cobranças internas por maior responsabilidade fiscal em meio a uma aprovação popular em queda.
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