Lula afirma que Brasil tem apoio popular para enfrentar sanções de Trump
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA [em 10 anos]. Eu que deveria taxar ele”, afirmou Lula, ressaltando que Trump está “mal informado”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, 11 de julho, que o governo brasileiro tem apoio do povo para enfrentar as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e que o Brasil não pode “baixar a cabeça” para as ameaças de Donald Trump.
“Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. Ninguém. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, declarou Lula durante cerimônia em Linhares, no Espírito Santo, que lançou indenizações aos atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais.
Diversos setores da sociedade brasileira têm criticado a medida de Trump de taxar todos os produtos brasileiros em 50%, incluindo organizações empresariais, sindicatos, meios de comunicação, Parlamento e movimentos sociais.
Lula voltou a defender o uso da Lei de Reciprocidade para responder as taxações caso as negociações não avancem. Trump alega falsamente que os EUA têm déficit comercial com o Brasil, o que é desmentido pelas estatísticas oficiais.
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA [em 10 anos]. Eu que deveria taxar ele”, afirmou Lula, ressaltando que Trump está “mal informado”.
O presidente também fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado pelo Ministério Público por supostamente articular sanções contra o Brasil para escapar de julgamento no Supremo Tribunal Federal.
“Que tipo de homem que é esse que não tem vergonha para enfrentar o processo de cabeça erguida e provar que foi inocente? Quem está denunciando ele não é ninguém do PT, quem está denunciando ele são os generais e o ajudante de ordens dele, que era coronel do Exército”, disse Lula.
Lula criticou a ação de Eduardo Bolsonaro, que se licenciou da Câmara e foi aos EUA pedir ajuda ao governo Trump contra o processo do pai. “O ‘coisa’ [Bolsonaro] mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá, ficar pedindo, ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, Trump, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, afirmou.
Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República de liderar uma tentativa de golpe de Estado para anular as eleições de 2022, pressionando comandantes militares e planejando assassinatos do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
Nas redes sociais, Bolsonaro elogiou Trump, atribuiu a sanção ao afastamento do Brasil “dos seus compromissos históricos com a liberdade” e pediu “aos Poderes que ajam com urgência” para resgatar a “normalidade institucional”. Ele e seus aliados negam as acusações.
Para analistas ouvidos pela Agência Brasil, a sanção de Trump é chantagem política mirando o Brics, a regulação das big techs e uma tentativa de interferir no processo judicial e político interno brasileiro.