Montadoras celebram limite à importação de elétricos e governo antecipa tarifa para 2027

As montadoras instaladas no Brasil apoiaram a decisão do governo federal de limitar a importação de veículos elétricos e híbridos desmontados, com a elevação gradual da alíquota de importação para 35% até janeiro de 2027. A medida atende parcialmente os pedidos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da chinesa BYD, que está em fase de implantação de fábrica no país.
A disputa pelo mercado brasileiro de elétricos opõe a BYD, líder global do setor, às tradicionais montadoras como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis, que vinham pressionando o governo por restrições à importação para preservar seus investimentos e empregos no setor.
O governo antecipou a aplicação da alíquota máxima de julho de 2028 para janeiro de 2027, após análise do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Embora não tenha atendido integralmente o pleito da Anfavea, que queria a medida já em julho de 2026, o presidente da entidade, Igor Calvet, considerou a decisão “o máximo aceitável sem colocar em risco os investimentos atuais e futuros”.
A Camex também aprovou cotas adicionais de importação com alíquota zero para veículos desmontados (CKD) e semidesmontados (SKD) por seis meses, no valor de até US$ 463 milhões. A iniciativa visa compensar parcialmente o fato de o governo não reduzir a tarifa para a BYD, que ainda finaliza a construção de sua fábrica em Camaçari (BA).
Em nota, a BYD acusou as rivais de “chantagear o governo para manter o mercado fechado”. A empresa afirmou que “colocar carro elétrico na garagem da classe média” incomodou as montadoras tradicionais, classificadas como “dinossauros”.
O presidente da Anfavea rebateu, destacando que novos concorrentes são bem-vindos, desde que ingressem de forma “justa e competitiva” no mercado nacional.
Desde 2023, os veículos elétricos e híbridos importados estavam isentos de tarifa, ao passo que os carros a combustão pagavam 35% de imposto. A nova regra de transição, defendida pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, visa estimular a instalação de fábricas no Brasil. Ele citou como exemplos a GWM em Indianópolis (SP) e a própria BYD na Bahia, que assumiram estruturas de montadoras anteriores.
A disputa segue acirrada, com cartas públicas, notas de repúdio e investimentos bilionários em jogo. O governo tenta equilibrar a entrada de novas tecnologias com a proteção da indústria automotiva nacional, num cenário de rápidas transformações no setor.