Onda de frio provoca colapso energético na Argentina

Em meio a temperaturas negativas que desafiam recordes históricos, a Argentina vive uma crise energética que já afeta a vida cotidiana de milhões. Com a onda polar, o consumo de gás disparou para mais de 156 milhões de metros cúbicos diários, ultrapassando a capacidade máxima do sistema, que enfrentou um déficit de cerca de 6 milhões de metros cúbicos. Como resultado, a falta de aquecimento obrigou moradores a recorrerem a chuveiros e estufas elétricas, o que sobrecarregou ainda mais o sistema e provocou cortes de luz em diversas regiões.

Mar del Plata foi um dos locais mais atingidos, registrando sensação térmica de até -10 °C e mais de 20 bairros sem gás durante a madrugada mais gelada do ano. O fechamento de escolas, suspensão do transporte público e ruas completamente vazias lembraram aos habitantes os dias mais duros da pandemia. Para tentar garantir o pouco gás restante às residências, o município determinou o encerramento das atividades noturnas, atingindo restaurantes, shoppings, bares, academias e centros comerciais.

Além do frio extremo, problemas técnicos reduziram a produção em campos de shale de Vaca Muerta, enquanto a usina nuclear Atucha II permanece fora de operação, agravando a instabilidade energética. O governo teve que recorrer à importação de eletricidade do Brasil, Uruguai e Paraguai, além de aumentar o uso de combustíveis líquidos nas termelétricas. A crise forçou o corte no fornecimento a usuários com contratos que aceitam interrupções em troca de tarifas menores, afetando diretamente indústrias, comércios e postos de combustível em províncias como Córdoba, Mendoza, San Juan, Tucumán e Buenos Aires.

A situação se transformou em emergência nacional, levando à criação de um Comitê Executivo para coordenar cortes e priorizar hospitais e centros de saúde. Enquanto isso, o governo Milei culpa gestões passadas pela falta de investimentos estruturais no setor energético, mas para a população, o desafio imediato é sobreviver ao frio sem aquecimento adequado, em meio a uma crise que já se tornou humanitária e social, sem previsão concreta de normalização do abastecimento.

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