A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD/Dercap), deflagrou nesta quarta-feira, 16 de julho, a Operação Vistoria. A ação tem como objetivo desarticular um esquema de corrupção coordenado por um despachante que cooptava e controlava vistoriadores contratados por Centros de Registro de Veículos Automotores (CRVAs) em Porto Alegre.
Cerca de 70 policiais civis cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados na capital gaúcha. Celulares e documentos foram apreendidos durante a operação. A investigação teve início após a prisão do despachante por outras práticas criminosas.
Segundo o Delegado Cassiano Cabral, não há indícios de envolvimento dos titulares credenciados dos CRVAs. “As condutas ilícitas investigadas concentram-se exclusivamente em vistoriadores contratados, que atuavam na linha de frente da prestação dos serviços, bem como se aproveitavam da função para auferir ganhos pessoais”, explicou.
Entre as vantagens indevidas, estão a aprovação de vistorias veiculares sem a devida conferência técnica, acesso indevido a dados internos do sistema de registro veicular, aceleração irregular de trâmites administrativos mediante pagamentos e a inserção de informações falsas em processos de transferência de propriedade. Os valores, frequentemente apelidados de “cafezinho” e pagos via Pix, sugerem um sistema de pagamento informal e contínuo.
Conforme o Delegado Guilherme Calderipe, titular da DRLD, o material probatório aponta que os servidores contratados estabeleciam relações irregulares com despachantes, trocando favores administrativos por pagamentos diretos. A investigação integra um inquérito mais amplo que também apura o uso de revendas de veículos como mecanismo de lavagem de dinheiro. “Ainda que os valores cobrados como propina fossem, em regra, baixos, muitas vezes variando entre R$ 50,00 e R$ 150,00, a banalização e a sistematização do comportamento corrupto por parte dos investigados será fortemente reprimida. A distinção entre os credenciados e os executores das fraudes é fundamental para distinção dos atores envolvidos no esquema e servem de alerta para que os critérios de contratação sejam mais rígidos e melhorado o controle do exercício da função”, destacou o Delegado Calderipe.