Pesquisadores descobriram que o medicamento Lemborexant, usado para tratar insônia, pode reduzir a proteína Tau no cérebro, um dos principais marcadores do Alzheimer
Uma nova pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, trouxe esperança para o combate ao Alzheimer. O estudo identificou que o Lemborexant, remédio aprovado contra insônia, pode ter um efeito protetor no cérebro, ajudando a reduzir a proteína Tau, diretamente relacionada ao avanço da doença neurodegenerativa.
Em testes com camundongos, os pesquisadores observaram que os animais tratados com o medicamento apresentaram melhora no sono e uma redução de até 40% na reativação do hipocampo, região do cérebro ligada à memória. Em comparação com outros camundongos que receberam o medicamento Zolpidem ou nenhum tratamento, os resultados foram significativamente mais positivos.
David Holtzman, neurologista e autor do estudo, explicou que os tratamentos atuais não são suficientes para retardar a doença como se deseja. “Mostramos que o Lemborexant melhora o sono e reduz a Tau anormal, que parece ser o principal fator responsável pelos danos neurológicos observados no Alzheimer”, afirmou.
O segredo do Lemborexant pode estar na sua forma de atuação: diferente do Zolpidem, ele bloqueia a Orexina, um neuropeptídeo que regula o sono e o estado de alerta. Os cientistas notaram que ao desativar geneticamente o receptor da Orexina 2, também houve queda nos níveis da proteína Tau, sugerindo que esse mecanismo pode estar diretamente ligado à neurodegeneração.
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores pedem cautela. Os testes foram feitos apenas com camundongos machos, e ainda é necessário comprovar a eficácia do tratamento em seres humanos. Outro ponto de atenção é que o uso do Lemborexant é autorizado apenas por curto prazo, e os efeitos a longo prazo ainda são desconhecidos.
Mesmo assim, o estudo representa um avanço importante nas pesquisas sobre o Alzheimer. “Precisamos de maneiras de reduzir o acúmulo anormal da proteína Tau e a inflamação que o acompanha, e vale a pena analisar mais a fundo esse tipo de auxílio para dormir”, destacou Holtzman.
O Alzheimer é a forma mais comum de demência no Brasil e no mundo, afetando principalmente idosos. Ele compromete progressivamente a memória, o raciocínio e o comportamento. Embora suas causas exatas ainda sejam desconhecidas, o acúmulo de proteínas anormais no cérebro, como a Tau, está entre os principais fatores suspeitos.
Atualmente, o Lemborexant está aprovado pelo FDA desde 2019 como tratamento para insônia. No Brasil, o medicamento aguarda aprovação da Anvisa desde 2022.
A expectativa dos especialistas é que os próximos testes em humanos possam confirmar os benefícios do remédio e abrir caminho para novas formas de tratamento do Alzheimer.
Informações Só Notícia Boa.