Surto de sífilis em Caxias do Sul é 244% maior que a média nacional e acende alerta em autoridades de saúde

A cidade de Caxias do Sul enfrenta um surto alarmante de sífilis, com índices 244% superiores à média nacional. Em 2023, foram registrados 369 casos a cada 100 mil habitantes, enquanto a média brasileira ficou em 99 por 100 mil. O cenário preocupa autoridades de saúde e reforça a urgência de ações de prevenção, testagem e tratamento, as informações são da Rádio Caxias.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a maior incidência ocorre entre jovens de 20 a 29 anos, com crescimento também entre adolescentes (15 a 19 anos) e idosos (acima dos 60). A diretora técnica da Vigilância Epidemiológica, Magda Beatriz Teles, alertou: “as pessoas não estão aderindo ao uso do preservativo, o que favorece a transmissão repetida da sífilis.”
Outro dado preocupante é o aumento de sífilis congênita, transmitida da gestante para o bebê durante a gravidez. Em 2023, 303 gestantes foram diagnosticadas com sífilis na cidade, resultando em 72 casos de transmissão congênita. A doença pode causar malformações, cegueira, surdez e atrasos no desenvolvimento, mas é totalmente evitável com diagnóstico e tratamento adequados no pré-natal.
Entre 2011 e 2021, Caxias do Sul registrou mais de 1,3 mil casos da doença em gestantes e mais de 750 em bebês. Desde 2022, a cidade investe na capacitação de profissionais da atenção básica, ginecologistas, pediatras e enfermeiros, além de parcerias com maternidades e UTIs neonatais para garantir diagnóstico precoce e início imediato do tratamento.
A rede pública realiza cerca de 1,2 mil testes rápidos de sífilis por mês, disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Apesar da ampliação da testagem, o aumento de diagnósticos indica uma elevação real nas infecções, e não apenas maior detecção.
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Apresenta três estágios clínicos e, se não tratada, pode levar a complicações neurológicas e cardíacas. O tratamento é feito com penicilina benzatina (Benzetacil), distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Casos mais graves podem exigir internação e uso de penicilina cristalina.
Com a aproximação do Outubro Verde, campanha nacional de combate à sífilis, a prefeitura deve intensificar ações educativas, ampliar a distribuição de preservativos e aumentar a oferta de testes gratuitos.
“É uma doença evitável, tratável e que não deveria mais causar complicações graves, principalmente em recém-nascidos. Precisamos, mais do que nunca, da colaboração da população”, destacou Magda Teles.
Serviço à população:
- Testes rápidos: disponíveis gratuitamente nas UBSs e no CTA
- Preservativos: distribuídos sem custo nas unidades de saúde
- Informações: procure a UBS mais próxima ou acesse o site da Secretaria Municipal da Saúde