Crânio de múmia egípcia de 2,5 mil anos é identificado em museu do interior do RS

Fragmento raro da história do Egito Antigo estava preservado em acervo de Cerro Largo e foi confirmado por pesquisadores da PUCRS como pertencente a uma mulher que viveu entre 768 e 476 a.C.
Um achado arqueológico raro acaba de ser confirmado no Rio Grande do Sul. Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS) identificaram que um crânio preservado no Museu 25 de Julho, em Cerro Largo, pertence a uma múmia egípcia com mais de 2,4 mil anos. A peça, uma das últimas duas do tipo no Brasil, pertenceu a uma mulher batizada como Iret-Neferet, que teria vivido entre os anos 768 e 476 a.C., no fim do Terceiro Período Intermediário e início do Período Tardio da história do Egito.
A descoberta foi possível graças a uma série de exames, como a datação por Carbono 14 e tomografias, que revelaram detalhes sobre o processo de mumificação. Entre os achados, destacam-se um olho feito com rocha calcítica, uma perfuração no osso etmoide — típica do ritual egípcio de remoção cerebral —, 22 tiras de linho, seda e fios de cabelo ainda preservados ao redor do crânio.
Embora esteja no Brasil desde os anos 1950, o artefato só passou a receber atenção acadêmica em 2017, quando o professor Édison Hüttner, da PUCRS, decidiu investigar sua origem. Segundo relatos históricos, a peça teria sido trazida por um egípcio, passada a um advogado brasileiro e depois doada ao museu da cidade, localizada a cerca de 500 km de Porto Alegre.
Além de Iret-Neferet, apenas outra múmia semelhante é conhecida no país: Tothmea, em exposição no Museu Egípcio Rosa Cruz, em Curitiba (PR). Múmias que faziam parte de acervos imperiais foram destruídas no incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2018.
A descoberta consolida o valor histórico e científico do acervo do interior gaúcho, revelando um elo direto com uma das civilizações mais fascinantes da humanidade.