Crise na Câmara: afastamento de deputados por motim entra na pauta

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), estuda impor uma suspensão de seis meses a Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC), acusados de participar de um motim que travou os trabalhos do plenário. A medida vem acompanhada da possibilidade de advertências formais a outros envolvidos, enquanto partidos de oposição pressionam por punições mais amplas.

A representação enviada por PT, PSB e PSOL pede que o Conselho de Ética investigue e suspenda também Marcel van Hattem (Novo-RS) e Júlia Zanatta (PL-SC). Segundo o documento, Zé Trovão teria tentado impedir fisicamente que Motta reassumisse a presidência da Mesa Diretora, ultrapassando os limites da liberdade de expressão parlamentar. Já Bilynskyj é acusado de bloquear o início de sessões, cercear a fala de colegas e tumultuar reuniões, inclusive na Comissão de Direitos Humanos, onde ocupou lugar na mesa em ato simbólico.

O episódio mais tenso ocorreu quando Pollon, último a resistir, precisou deixar a cadeira da presidência para que Motta pudesse retomar os trabalhos. Dias antes, o deputado já havia atacado o presidente da Casa com insultos pessoais. Para os partidos que assinam a denúncia, o conjunto de ações dos envolvidos caracteriza um ato deliberado para inviabilizar o funcionamento constitucional da Câmara.

Se confirmadas as suspensões, será a primeira vez no atual mandato que a Mesa Diretora aplicará punições tão severas a parlamentares por desordem interna. O desfecho dependerá da avaliação de Hugo Motta e do andamento das investigações no Conselho de Ética, que deve analisar não apenas as acusações formais, mas também o impacto político de manter afastados nomes de forte atuação nas redes sociais e na oposição ao governo.