A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse ter sido surpreendida com o indiciamento de seu cliente pela Polícia Federal por crime de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a decisão, Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro teriam atuado junto ao governo dos Estados Unidos com o objetivo de submeter o funcionamento da Suprema Corte brasileira ao crivo estrangeiro.
“Os elementos apontados na decisão serão devidamente esclarecidos dentro do prazo assinado pelo ministro relator, observando-se, desde logo, que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta”, afirmou a defesa em nota.
Conversas interceptadas
O indiciamento foi anunciado na noite de quarta-feira (20), após a divulgação de mensagens e áudios trocados por Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia e com o próprio filho Eduardo Bolsonaro.
As conversas foram encontradas no celular do ex-presidente. Em uma delas, Bolsonaro condiciona a aprovação de anistia aos condenados pela trama golpista à negociação com os Estados Unidos para a retirada de tarifas aplicadas a produtos brasileiros.
Prazo de Moraes
Diante das revelações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu prazo de 48 horas para que a defesa de Bolsonaro preste esclarecimentos sobre informações levantadas pela Polícia Federal.
Entre os pontos destacados está o documento em que Bolsonaro teria solicitado asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei, além de contatos com o general Braga Netto, com quem estava proibido de falar.
“Diante do exposto, intime-se a defesa de Jair Bolsonaro para que, no prazo de 48 horas, preste esclarecimentos sobre os reiterados descumprimentos das medidas cautelares impostas, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga”, determinou Moraes.