As denúncias de material explícito envolvendo crianças e adolescentes cresceram 114% desde a publicação de um vídeo do humorista e influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, que revelou como alguns criadores de conteúdo lucram com a exploração sexual infantil. O vídeo, postado no YouTube, já ultrapassou 38 milhões de visualizações.
A organização não governamental SaferNet, referência na defesa dos direitos humanos na internet, contabilizou 1.651 denúncias únicas entre quarta-feira, 6 de agosto, e terça-feira, 12 de agosto. No mesmo período do ano passado, o número foi de 770 denúncias.
Essas denúncias anônimas são filtradas pela ONG e encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF), que investiga os casos. Técnicos do MPF avaliam se há indícios de crime, com base nas evidências coletadas, eliminando links repetidos e agrupando comentários relevantes.
Segundo o presidente da SaferNet, Thiago Tavares, o vídeo de Felca “reacendeu o debate público sobre o abuso sexual infantil online”. Ele também destaca que a repercussão incentivou milhares de pessoas a denunciarem.
O influenciador evidenciou práticas criminosas como o uso do Telegram para distribuir e vender conteúdos de abuso infantil e o emprego de siglas, acrônimos e emojis para disfarçar o teor dos materiais. Um exemplo citado é a sigla “cp” (child porn), amplamente usada em grupos clandestinos.
A SaferNet alerta que o termo “pornografia infantil” é inadequado, pois minimiza a gravidade dos crimes, que envolvem estupro, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O compartilhamento dessas imagens perpetua o sofrimento das vítimas.
Com quase 20 anos de atuação, a SaferNet mantém o Canal Nacional de Denúncias, em parceria com o MPF, e o portal ajuda.org.br, com suporte a vítimas de violência digital. Também promove o uso consciente da internet por meio de programas como a Disciplina de Cidadania Digital.