Explosão de denúncias expõe risco da “adultização” de menores nas redes

Vídeo de influenciador derruba perfis e pressiona debate sobre proteção infantil online

O influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, desencadeou uma onda nacional de debates ao publicar um vídeo de quase 50 minutos denunciando a sexualização e a exposição precoce de crianças e adolescentes em conteúdos digitais. A gravação, que já ultrapassa 3 milhões de visualizações, cita nomes de influenciadores como Hytalo Santos, cujo perfil no Instagram — com cerca de 17 milhões de seguidores — foi suspenso após as acusações. Também foi removida a conta da jovem Kamylinha, que, segundo Felca, teria sido inserida no grupo de Hytalo aos 12 anos e exposta a situações inapropriadas. A determinação judicial para bloqueio no Brasil atendeu a um pedido do Ministério da Fazenda, reforçando a gravidade do caso.

As revelações de Felca trouxeram à tona dispositivos legais que buscam proteger menores. O Código Penal prevê pena de 8 a 20 anos de reclusão para atos libidinosos com menores de 14 anos, enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente criminaliza a produção e divulgação de material com exploração sexual, com sanções de 3 a 6 anos de prisão. Além das punições individuais, plataformas digitais também podem ser responsabilizadas caso não removam conteúdos que violem direitos de crianças e adolescentes.

A polêmica ganhou um novo capítulo quando Felca foi alvo de acusações infundadas de pedofilia, após admitir que seguiu perfis de menores para obter provas. O influenciador anunciou que irá processar mais de 200 usuários que o atacaram nas redes, propondo como alternativa que cada um faça uma doação de R$ 250 a instituições que combatem a exploração infantil. Caso não aceitem o acordo, seu advogado, João de Senzi, já possui uma lista com os nomes para ações judiciais.

O episódio, batizado por internautas como “efeito Felca”, expôs a urgência de discutir a responsabilidade dos criadores de conteúdo e de intensificar a fiscalização nas plataformas. Especialistas defendem que pais e responsáveis atuem ativamente na supervisão da vida digital dos filhos, conheçam os influenciadores que eles acompanham e denunciem qualquer indício de abuso ou exploração. A repercussão transformou o caso em um marco para alertar sobre os riscos da era digital e a necessidade de proteger a infância de práticas nocivas mascaradas de entretenimento.

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