O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, deu início à consolidação de um sistema institucional de avaliação de performance médica, desenvolvido internamente. A iniciativa tem como objetivos principais estimular o crescimento profissional, garantir entregas eficientes e promover a meritocracia dentro da instituição.
A ferramenta passou a ser aplicada de forma experimental em 2024, após sua apresentação na Mostra da Qualidade do Tacchini, no final do ano anterior. Com mais de 18 meses de operação, o sistema avalia atualmente a performance de 24 médicos, incluindo radiologistas, mastologistas, ginecologistas/obstetras e um cardiologista especializado em imagem cardíaca.
Conforme explica o gestor médico de Tacchini Diagnósticos, Dr. Adriano Boz, o modelo é baseado em três pilares: crescimento profissional (30%), aspectos éticos e comportamentais (20%) e resultados clínicos (50%). “Somos o primeiro serviço do hospital a criar um sistema estruturado de avaliação de desempenho médico”, afirma.
No primeiro pilar, os profissionais são avaliados por sua formação acadêmica e atividades complementares, como pós-graduações, participação em congressos, publicações científicas e titulações. O segundo pilar considera condutas éticas e comportamentais, com base em dados formais de atendimento, como reclamações no Núcleo de Experiência do Paciente ou falhas técnicas.
O terceiro, e mais relevante critério, mede os resultados clínicos dos médicos com base no cumprimento de protocolos, prazos de entrega de laudos e impacto direto na conduta dos pacientes. “No protocolo de AVC, por exemplo, temos 25 minutos para entregar o laudo. Cada minuto conta para salvar uma vida”, destaca Boz.
Todas as informações são organizadas em um dashboard que gera uma nota final individual, usada para formar um ranking de performance médica. Esse ranking será utilizado como critério para a distribuição de benefícios, como apoio financeiro para congressos, preferência de turnos e alocação em unidades de alta performance, como o Tacchini Medical Center.
“A ideia é que o mérito, e não apenas o tempo de casa, defina quem terá acesso a oportunidades. A pontuação refletirá exatamente o desempenho diário. É um incentivo à qualificação contínua e à melhoria do serviço prestado à comunidade”, explica Boz.
O modelo também prevê revisões constantes, com feedbacks individualizados para médicos com desempenho abaixo do esperado, que podem recuperar posições com base em melhorias apresentadas.
Embora não configure um plano de carreira tradicional, já que os médicos atuam como pessoa jurídica (PJ), o sistema poderá servir de base para a criação de políticas institucionais de avaliação em outras áreas do hospital. “Já compartilhamos protótipos com outros setores. As métricas podem mudar, mas o conceito de avaliar com clareza, transparência e justiça é o mesmo. Sistemas assim são comuns no mundo corporativo”, conclui Boz.