Ministério das Relações Exteriores e ministra de Relações Institucionais classificam declarações de Christopher Landau como ofensa grave à soberania nacional
O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais repudiaram as declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que acusou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de “usurpar poder ditatorial” e ameaçar outros Poderes.
Em nota divulgada na noite de sábado, 9 de agosto, o Itamaraty afirmou que a manifestação representa “ataque frontal à soberania brasileira” e à democracia, que recentemente enfrentou e derrotou uma tentativa de golpe de Estado. A pasta destacou que esta foi a segunda manifestação hostil do governo estadunidense em três dias e que comunicou formalmente à embaixada norte-americana seu “absoluto rechaço” às ingerências em assuntos internos do país.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também reagiu, chamando a postagem de Landau de “arrogante” e “gravíssima ofensa” ao Brasil, ao STF e à verdade. Ela acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentar usurpar o poder e responsabilizou a família Bolsonaro por incentivar o ex-presidente Donald Trump a impor medidas como o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.
Gleisi reiterou que Executivo, Legislativo e Judiciário estão unidos para impedir novas ameaças à democracia e pediu respeito às leis e à Justiça brasileiras. “Se querem mesmo restaurar uma amizade histórica, comecem por respeitar a soberania do Brasil e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia”, declarou.
As tensões diplomáticas se intensificaram após a Embaixada dos EUA em Brasília repostar, traduzido para o português, o comentário original de Landau, que afirmou que um juiz teria “destruído a relação histórica” entre Brasil e Estados Unidos. Na última sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios norte-americano, Gabriel Escobar, para expressar indignação com as declarações.
Os Estados Unidos aplicam sanções financeiras contra Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos e corrupção. O governo Trump também critica decisões do STF sobre a retirada de conteúdos e o bloqueio de plataformas digitais ligadas a aliados de Bolsonaro.