Jair e Eduardo Bolsonaro são indiciados por tentarem atrapalhar processo da trama golpista
Investigação aponta que deputado articulou sanções dos EUA contra o Brasil e ministros do Supremo; ex-presidente teria financiado estadia do filho no exterior

A Polícia Federal (PF) informou nesta quarta-feira, 20 de agosto, o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
A medida foi tomada após a conclusão de investigações sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro junto ao governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para articular medidas de retaliação contra o Brasil e contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos últimos meses, o governo norte-americano anunciou ações duras contra o Brasil, incluindo um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, uma investigação comercial contra o pix e sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, amparadas pela Lei Magnitsky, legislação americana que permite punições a violadores de direitos humanos.
A abertura do inquérito foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em maio, com o objetivo de apurar a suposta tentativa de Eduardo Bolsonaro de influenciar o governo dos EUA a agir contra o ministro Moraes. O magistrado também é relator da trama golpista e do inquérito das fake news.
Em março, Eduardo Bolsonaro pediu licença de 122 dias do mandato parlamentar e mudou-se para os Estados Unidos, alegando perseguição política. Já na sexta-feira, 16 de agosto, um pedido de cassação de seu mandato foi encaminhado à Comissão de Ética da Câmara pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), após representações do PT e do PSOL.
Durante a apuração, a PF identificou que Jair Bolsonaro teria enviado recursos via pix para custear a permanência do filho no exterior, no momento em que ele atuava para fomentar sanções internacionais contra o Brasil.
O ex-presidente já é réu no Supremo Tribunal Federal na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado.