Megaoperação contra fraudes no setor de combustíveis bloqueia R$ 3,2 bilhões

Ação conjunta da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público desmonta esquema bilionário de lavagem de dinheiro envolvendo postos, distribuidoras e fundos de investimento

As três operações deflagradas nesta quinta-feira, 28 de agosto, contra a lavagem de dinheiro no setor de combustíveis resultaram no cumprimento de mais de 400 mandados judiciais, incluindo 14 de prisão e centenas de buscas e apreensões em pelo menos oito estados. As medidas levaram ao bloqueio e sequestro de R$ 3,2 bilhões em bens e valores, enquanto os grupos investigados movimentaram, de forma ilícita, aproximadamente R$ 140 bilhões.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a ação como “a maior da história contra o crime organizado”, ressaltando a integração entre Polícia Federal, Ministério Público e Receita Federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que mais de mil servidores participaram da operação, permitindo rastrear um esquema sofisticado de ocultação de patrimônio por meio de fundos de investimento e empresas de fachada.

Três operações integradas

As ações, batizadas de Quasar, Tank e Carbono Oculto, foram coordenadas em conjunto pela Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e Receita Federal. A Carbono Oculto focou na fraude e sonegação fiscal no setor de combustíveis, enquanto as operações Quasar e Tank miraram a lavagem de dinheiro e a gestão fraudulenta de instituições financeiras.

Entre os resultados da PF estão: 141 veículos apreendidos, 1,5 mil sequestrados, 192 imóveis bloqueados, duas embarcações confiscadas e 21 fundos de investimento suspensos.

Rede criminosa em 10 estados

Segundo a Receita Federal, o esquema envolvia cerca de mil postos de combustíveis em mais de dez estados, movimentando R$ 52 bilhões. A estrutura ia desde a importação até a revenda ao consumidor final, contando ainda com uma fintech que funcionava como “banco paralelo” do crime organizado.

As fraudes atingiram São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 1,2 bilhão em fundos de investimento ligados à quadrilha.

“Refinaria do crime”

Para Haddad, a operação foi resultado de um trabalho estruturado desde 2023:
Estamos desmantelando a refinaria do crime, com inteligência e rastreamento do dinheiro que passava por diversas camadas de fundos de investimento e empresas fictícias”, afirmou o ministro.

A investigação alcançou mais de mil postos de gasolina, quatro refinarias e mil caminhões utilizados pelo esquema, grande parte deles envolvidos em adulteração de combustíveis.

Com a integração entre diferentes órgãos e a cooperação entre esferas federal e estadual, as autoridades destacaram que esta ação marca um divisor de águas no combate à infiltração do crime organizado na economia real e no sistema financeiro.

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