Clima de comoção toma conta da comunidade da Tapera, no Sul da Ilha, após a morte do pequeno Moisés, de quatro anos, no domingo, 17 de agosto. A criança foi deixada com sinais de violência pelo padrasto na porta de uma vizinha, que, com ajuda de moradores, prestou os primeiros socorros e o levou ao MultiHospital, onde ele chegou em estado crítico e não resistiu. A mãe já havia demonstrado preocupação com manchas roxas no corpo do filho e, meses antes, o menino foi atendido no Hospital Infantil Joana de Gusmão com hematomas, caso que foi comunicado às autoridades competentes.
Diante da repercussão, a prefeitura de Florianópolis abriu uma sindicância para investigar a conduta do Conselho Tutelar Sul, acusado de omissão. Segundo a administração municipal, nenhum serviço de proteção foi acionado pelo órgão, mesmo após notificações anteriores. O Conselho Tutelar afirmou que todo atendimento é sigiloso e que não lhe cabe investigar crimes, mas sim aplicar medidas protetivas. Já o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou um procedimento para apurar possíveis falhas e reforçou a necessidade de fortalecimento da rede municipal de proteção à infância.
Especialistas criticaram a fragilidade do sistema de proteção e alertaram para a urgência na revisão dos protocolos de atendimento. A psicóloga Patrícia Lima, doutora em Educação, destacou que o caso de Moisés escancara a lentidão e a ineficiência na resposta a sinais claros de violência. O MPSC informou ainda que, em ações anteriores, já vinha pedindo melhorias na estrutura dos Conselhos Tutelares, incluindo contratação de psicólogos, assistentes sociais e criação de novos CREAS, essenciais para atender famílias em situação de vulnerabilidade.