Deputados e senadores da oposição pernoitaram nos plenários da Câmara e do Senado, na madrugada de quarta-feira, 6 de agosto, para ocupar as mesas diretoras e impedir o funcionamento das Casas Legislativas. A ação é um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda-feira, 4 de agosto.
A maior parte dos manifestantes é ligada ao Partido Liberal (PL). A ocupação gerou reação imediata dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que convocaram reuniões de líderes para hoje com o objetivo de retomar os trabalhos e definir os próximos passos.
A oposição exige a votação de uma anistia geral aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, responsável pela relatoria da ação contra Bolsonaro. O ex-presidente é acusado de tentar anular as eleições de 2022 com apoio de militares, além de supostos planos de prender e assassinar autoridades públicas. Bolsonaro nega todas as acusações.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, participou da ocupação e afirmou nas redes sociais que a mobilização busca colocar em pauta “o que é melhor para o Brasil”. Segundo ele, a pressão também visa reverter tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a exportações brasileiras, motivadas, segundo o parlamentar, pelo processo contra seu pai.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, evitou críticas diretas, mas cancelou a sessão de terça-feira e reforçou que o Parlamento deve ser um espaço de diálogo. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou a ocupação como um ato “inusitado e alheio aos princípios democráticos” e pediu serenidade para que o bom senso prevaleça e os trabalhos legislativos sejam retomados.