Sete dias de distância, uma vida inteira de amor: a despedida de Nelson e Angelina; casal de Garibaldi deixa legado de união, trabalho e afeto, partindo com apenas uma semana de diferença

Nelson e Angelina Piacentini viveram lado a lado por 77 anos, desde o nascimento em 1947 até a partida em 2025. Ele faleceu em 24 de julho e ela, sete dias depois, em 1º de agosto, ambos cercados pelo carinho da família. Para os filhos Jonas e Morgana, não houve coincidência: foi a cumplicidade de uma vida que manteve os dois unidos até o último instante. “Pai foi preparar o lugar para a mãe”, disseram. A história dos dois é marcada por simplicidade, força e valores que atravessam gerações.

Na estrada por mais de meio século, Nelson conheceu o Brasil atrás do volante de um caminhão. Angelina, enquanto isso, sustentava o lar, cuidando dos filhos e mantendo viva a rotina que esperava por ele. Quando o som da buzina ecoava na rua, ela largava tudo para recebê-lo com um abraço. O reencontro era sempre marcado por gestos simples — um presente, algumas moedas, um doce — mas carregados de significado. Essa troca silenciosa de amor e cuidado construiu uma parceria que nem o tempo, nem a distância conseguiram abalar.

Nos últimos meses, a saúde dos dois se fragilizou. Nelson partiu primeiro, no leito de UTI. Angelina, hospitalizada, soube da notícia e se despediu à distância, dizendo: “Vai indo, meu amor, me espera ali na curva.” Desde então, seu olhar parecia buscar algo além da janela, como se aguardasse a próxima buzina. Uma semana depois, ela se foi, deixando filhos, neta e genro com a missão de carregar o legado de trabalho, honestidade e amor incondicional que receberam. Hoje, a família acredita que eles seguem juntos, viajando por novas estradas, agora no céu, como sempre fizeram em vida.

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