STJ mantém prisão de químico conhecido como “mago do leite” investigado por adulteração na Operação Leite Compen$ado 13

Superior Tribunal de Justiça mantém prisão preventiva de químico acusado de assessorar clandestinamente indústria que adulterava leite vencido com substâncias tóxicas no Rio Grande do Sul

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão preventiva de um químico industrial apelidado de “alquimista” ou “mago do leite”, detido em dezembro de 2024 na Operação Leite Compen$ado 13, conduzida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). A decisão, proferida na sexta-feira, 25 de julho, pelo ministro Reynaldo Soares da Fonseca, negou recurso que buscava o trancamento da ação penal e, alternativamente, a revogação da prisão dele e de sua esposa, também investigada.

A operação combateu a adulteração de derivados lácteos com substâncias nocivas à saúde, como soda cáustica e água oxigenada, em uma indústria de Taquara. Conforme o MPRS, mesmo proibido judicialmente de atuar no setor por condenações anteriores e medidas cautelares impostas desde 2014, o acusado continuou prestando assessoria clandestina à produção da empresa, criando fórmulas para mascarar leite vencido ou em deterioração.

Segundo o STJ, a denúncia descreve claramente as condutas e o modus operandi do grupo, com materialidade e indícios de autoria robustos, apoiados em laudos técnicos. O ministro ressaltou a gravidade dos crimes, o risco à ordem pública e o histórico criminal do réu, justificando a manutenção da prisão, que já dura seis meses, diante da complexidade do caso e da presença de 15 réus no processo.

Para o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, a decisão é essencial para proteger a saúde pública:

“A manutenção da prisão é fundamental para impedir que o acusado continue a praticar crimes pelos quais já é investigado há mais de duas décadas. A atuação firme do Ministério Público tem sido essencial para coibir condutas que colocam em risco a população.”

Operação Leite Compen$ado 13
Em dezembro de 2024, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, incluindo a do “alquimista”, e 16 de busca e apreensão em Taquara, Três Coroas, Parobé, Imbé e São José do Rio Preto (SP). Uma funcionária foi presa em flagrante. As investigações apontaram que a indústria adulterava leite com água oxigenada e soda cáustica, além de apresentar embalagens com sujeira visível. Os produtos — leite UHT, em pó, soro e compostos lácteos — eram distribuídos para todo o Brasil e também exportados para a Venezuela.

Operação Leite Compen$ado 5
Em maio de 2014, a fase anterior da operação resultou em três prisões em 10 cidades do Vale do Taquari e Vale do Sinos, incluindo Imigrante, onde o químico foi preso pela primeira vez, e Paverama, sede de duas indústrias de laticínios. Os proprietários foram detidos por determinar a adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada ao leite. Também houve ordens judiciais cumpridas em Teutônia, Arroio do Meio, Encantado, Venâncio Aires, Marques de Souza, Travesseiro, Novo Hamburgo e Cruzeiro do Sul.

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