A partir desta quarta-feira (6), entra em vigor nos Estados Unidos a nova sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, medida imposta por decreto do presidente Donald Trump. A tarifação afeta mais de 3.800 itens, distribuídos em 95 categorias de exportação, com impacto direto em setores como carne bovina, café, têxteis e bens manufaturados. O Brasil é o país mais penalizado, com um adicional de 40% sobre uma tarifa já existente de 10%. Embora algumas mercadorias estejam isentas — como suco de laranja, castanhas e aviões —, as exceções representam apenas 45% do total exportado. O governo brasileiro alerta que mercadorias já armazenadas nos EUA ou embarcadas antes da vigência da medida podem escapar da sobretaxa, desde que atendam aos critérios estabelecidos.
O presidente Lula e sua equipe econômica já iniciaram articulações para conter os danos à economia. Entre as medidas em análise estão subsídios temporários, renegociação com os EUA, abertura de novos mercados e incentivos à produção local. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta agendar uma conversa com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, antes que Lula dialogue diretamente com Trump. No momento, o presidente brasileiro descarta qualquer ligação sobre tarifas, mas admite a possibilidade de contato futuro durante a preparação da COP30. “Estamos prontos para negociar, mas não sairemos de cabeça baixa”, afirmou Haddad.
A decisão de Trump ganhou contornos políticos ao ser relacionada ao processo judicial contra Jair Bolsonaro no STF. O republicano criticou o tratamento dado ao ex-presidente brasileiro, que está em prisão domiciliar, e acusou o Brasil de manter uma relação comercial “injusta” com os EUA. Apesar disso, setores como o do café veem alternativas. A China, por exemplo, habilitou 183 exportadores brasileiros no mesmo dia do anúncio do tarifaço, o que pode ajudar a amortecer os prejuízos. Ainda assim, a carne bovina — que já enfrentava taxa de 36,4% — poderá ultrapassar uma carga tributária de 76%, inviabilizando economicamente as exportações para o mercado norte-americano.