Uma adolescente de 14 anos, que estava desaparecida desde segunda-feira, foi resgatada nesta quinta-feira, 19 de setembro, no município de Ibirité, em Minas Gerais, após percorrer cerca de 1500 km desde Marau (RS). A jovem viajou sozinha utilizando aplicativos de carona e foi localizada por uma força-tarefa coordenada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio de forças policiais de São Paulo e Minas Gerais. O principal suspeito, um homem de 35 anos, foi detido na residência onde a adolescente foi encontrada.
A ocorrência foi registrada pela mãe da jovem na segunda-feira, 17 de setembro, após a filha sair de casa e enviar uma mensagem de despedida. De acordo com o delegado Norberto Rodrigues, da Polícia Civil de Marau, que conduziu a investigação, a operação foi dividida em três fases: a jovem foi inicialmente rastreada em Porto Alegre, seguiu para São Paulo, e finalmente chegou a Ibirité, na Grande Belo Horizonte.
As investigações indicam que a adolescente foi atraída pelo suspeito através das redes sociais, em conversas com conteúdo “romântico e sexual”. O homem já era investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais por casos relacionados à pornografia. Um mandado de busca foi cumprido em sua casa, onde foram apreendidos dispositivos eletrônicos para análise. O suspeito está detido na delegacia de Ibirité e as investigações seguem em parceria com a PCMG.
Um ponto crítico levantado pelo delegado Norberto Rodrigues foi a facilidade com que a adolescente conseguiu viajar tantos quilômetros usando aplicativos de carona, sem qualquer verificação de documentos, procurações ou termos de responsabilidade exigidos para menores de idade. A Polícia Civil do RS informou que irá contatar as empresas responsáveis pelos apps para exigir a criação de protocolos de segurança mais rigorosos.
A adolescente foi encontrada em bom estado de saúde e recebeu atendimento inicial do Conselho Tutelar de Ibirité. A família já está providenciando seu retorno a Marau.
A operação contou com o trabalho de mais de 30 agentes de diferentes órgãos, incluindo o inspetor Giron (DRACO de Caxias do Sul), o CIPAC da 14ª região policial, o Gabinete de Inteligência da Polícia Civil, o Departamento de Homicídios do Estado, a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, a Divisão Antissequestro da Polícia de São Paulo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), representada pelo agente Geovani Segala, além da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, que colocou à disposição 30 mil câmeras com reconhecimento facial.
O promotor de justiça Bruno Bonamente e o magistrado Dr. Plínio, do Fórum de Marau, foram responsáveis pela agilização dos mandados judiciais que permitiram o desfecho rápido da operação.
Durante a coletiva de imprensa, o delegado Norberto Rodrigues reforçou a importância de comunicar imediatamente o desaparecimento de qualquer pessoa à polícia, desmentindo a crença popular — alimentada por filmes — de que seria necessário esperar 24 horas para registrar a ocorrência.