Banco Central veta compra do Banco Master pelo BRB e trava operação de R$ 2 bilhões

Decisão surpreende mercado financeiro e interrompe estratégia de expansão do Banco de Brasília
O Banco Central (BC) rejeitou a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), em uma decisão comunicada na noite de quarta-feira, 3 de setembro, em fato relevante divulgado pelo BRB. A operação estava em análise desde março e era a última etapa regulatória necessária para que a negociação, avaliada em R$ 2 bilhões, fosse concluída.
Segundo comunicado do BRB, a instituição solicitou acesso à íntegra da decisão para avaliar os fundamentos do veto e analisar alternativas. O banco reiterou que considerava a transação uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional.
Pouco antes, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, havia sancionado lei autorizando a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Banco Master, medida aprovada pela Câmara Legislativa do DF por exigência judicial. O objetivo seria ampliar a presença do BRB no mercado e fortalecer sua atuação no setor financeiro.
Desde o anúncio da negociação, há seis meses, as ações do BRB valorizaram 23% na Bolsa de Valores (B3).
Negócio polêmico e desconfiança do mercado
Desde o início, a compra do Master foi cercada de controvérsias. O banco é conhecido por sua política agressiva de captação, oferecendo rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Bancário (CDI), acima da média de 110% a 120% praticada por instituições menores.
A falta de publicação do balanço de dezembro do ano anterior aumentou a desconfiança sobre a saúde financeira do Master, que também não conseguiu sucesso em recente tentativa de emissão de títulos em dólares. Além disso, operações envolvendo precatórios ampliaram as dúvidas no mercado.
O BTG Pactual chegou a oferecer R$ 1 pelo controle do Master, assumindo seu passivo com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No entanto, divergências entre os bancos que aportam recursos no fundo inviabilizaram o acordo.
Com a decisão do BC, o futuro do Banco Master segue incerto, enquanto o BRB terá de reavaliar suas estratégias de expansão no setor financeiro.