O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira, 10 de setembro, uma parceria de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer para a produção nacional da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) — uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, como a bronquiolite.
A previsão é de que 1,8 milhão de doses sejam entregues até o fim do ano, com início da distribuição na rede pública a partir da segunda quinzena de novembro, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante será aplicado em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, por dose única, o que permitirá a transferência de anticorpos para os recém-nascidos, oferecendo proteção nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade ao VSR.
Segundo o ministério, o vírus é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças com menos de dois anos. Cerca de 20 mil bebês com menos de um ano são internados anualmente no Brasil devido a complicações causadas pelo VSR. O risco é ainda maior em prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete vezes superior à das crianças nascidas a termo.
A nova vacina tem potencial para prevenir aproximadamente 28 mil internações por ano, beneficiando cerca de 2 milhões de bebês nascidos vivos no país, de acordo com estimativas da pasta.
Produção de medicamento contra esclerose múltipla também será nacionalizada
O ministério também anunciou que o Brasil passará a produzir o natalizumabe, medicamento biológico utilizado no tratamento da esclerose múltipla, por meio de uma parceria de desenvolvimento produtivo (PDP) entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sandoz. Atualmente, o remédio é ofertado pelo SUS, mas conta com apenas um fabricante registrado no país.
Destinado a pacientes com a forma remitente-recorrente de alta atividade da doença, o natalizumabe é indicado quando outros tratamentos não apresentam resposta satisfatória. A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o sistema nervoso central, afetando, principalmente, adultos entre 18 e 55 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, a produção nacional de imunizantes e medicamentos reforça a soberania do SUS, reduz a dependência externa e responde às fragilidades evidenciadas durante a pandemia de covid-19 e às barreiras comerciais enfrentadas pelo país.