EUA colocam Brasil e África do Sul sob vigilância em relatório sobre tráfico de pessoas

Documento aponta falhas graves no combate a crimes e reacende tensões diplomáticas com Donald Trump

O Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou um relatório que rebaixa Brasil e África do Sul no ranking de combate ao tráfico de pessoas. Ambos foram incluídos em uma lista de vigilância, considerada um estágio anterior à chamada “lista negativa”, que pode acarretar sanções. O documento, primeiro do governo Donald Trump desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, destaca que os dois países falharam em identificar vítimas, investigar casos e concluir processos judiciais.

No caso brasileiro, o relatório afirma que, mesmo diante de dezenas de milhares de vítimas, não houve nenhuma condenação registrada com base na legislação de 2016 contra o tráfico de pessoas. A avaliação sobre a África do Sul segue o mesmo tom crítico, ressaltando a redução drástica de esforços investigativos e processuais. Enquanto isso, outros países como Laos e Chade foram rebaixados ao último nível do relatório, ao passo que Djibuti e Turcomenistão conseguiram subir de posição após apresentarem algum avanço.

A decisão reforça o desgaste nas relações entre Trump e os dois países emergentes do Brics. O presidente norte-americano já havia imposto tarifas ao Brasil e sancionado o ministro do STF Alexandre de Moraes, em represália à condenação de Jair Bolsonaro, sentenciado a 27 anos de prisão pela tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral em 2022. Em relação à África do Sul, Trump tem acusado o governo pós-apartheid de perseguir fazendeiros brancos, ecoando um discurso de nacionalistas.

O relatório ainda cita que os países que permanecem na chamada “lista de nível 3” incluem principalmente adversários históricos dos EUA, como China, Rússia, Venezuela e Camboja. Este último foi acusado de cumplicidade estatal em esquemas de trabalhos forçados on-line. A postura de Trump em relativizar direitos humanos quando se trata de aliados e usá-los como instrumento contra rivais expõe a forma como a política externa americana tem sido conduzida sob seu comando.

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