Fim de uma era gelada: iceberg colossal se desfaz após quatro décadas no Atlântico Sul

A23a, que já foi o maior iceberg do mundo, encolhe drasticamente e deixa rastro de mudanças ambientais e alerta climático

Depois de décadas praticamente imóvel no Mar de Weddell, o gigantesco iceberg A23a chegou ao fim de sua jornada. Ele se desprendeu da plataforma de gelo da Antártida em 1986, mas ficou preso por mais de 30 anos antes de iniciar uma lenta deriva em 2020. Arrastado pela Corrente Circumpolar Antártica, o bloco se aproximou perigosamente da Ilha Geórgia do Sul neste ano, onde começou a se fragmentar com rapidez desde maio, conforme registros do satélite GOES-East, da NOAA.

O A23a já teve proporções semelhantes ao estado americano de Rhode Island, mas atualmente restam apenas cerca de 1.500 km² — uma área comparável ao tamanho da cidade de Londres. A preocupação ambiental foi intensa no início do ano, quando cientistas temiam que o iceberg colidisse com a Ilha Geórgia do Sul, um território sensível que abriga importantes colônias de pinguins, focas e aves marinhas. Situações semelhantes no passado já provocaram sérios impactos na fauna local.

Segundo especialistas do British Antarctic Survey (BAS), a desintegração do A23a reflete um padrão recorrente entre os grandes blocos de gelo da Antártida, impulsionados pelas correntes oceânicas. Embora o desprendimento de icebergs seja um processo natural, os cientistas alertam para o efeito crescente do aquecimento dos oceanos, que tem acelerado esses eventos. Com o A23a fora de cena, o título de maior iceberg do mundo agora passa ao D15a, localizado no Mar de Amery. O monitoramento contínuo é feito pelo BAS e pelo Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos, devido aos riscos à navegação na região.

Com informações da Metsul.

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