Lula diz que STF não deve temer EUA e espera que justiça seja feita
Durante velório do jornalista Mino Carta, presidente afirmou que não há razão para temer acusações dos Estados Unidos e que espera decisão justa do Supremo com base nos autos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta terça-feira, 2 de setembro, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deve temer pressões internacionais, em especial dos Estados Unidos, e que espera que a Justiça seja feita no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus acusados de tentativa de golpe de Estado.
A declaração foi feita durante o velório do jornalista Mino Carta, no Cemitério São Paulo, na capital paulista. Mino, fundador e ex-diretor das revistas Carta Capital, Quatro Rodas, IstoÉ, Veja e do Jornal da Tarde, faleceu aos 91 anos.
Bolsonaro é acusado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, de liderar uma conspiração para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. Segundo Lula, os fatos estão vindo à tona e a sociedade começa a entender a gravidade do momento vivido no país.
“O que está acontecendo é que os fatos estão vindo à tona e as pessoas estão começando a perceber que período nefasto da história brasileira nós vivemos”, afirmou o presidente.
Em tom emocionado, Lula lembrou o homenageado do dia:
“Obviamente que o Mino Carta, se tivesse hoje, sentado na frente da sua máquina, ou na caneta, estaria escrevendo quem sabe a mais bela história do que aconteceu nos últimos anos no Brasil.”
Ao ser questionado sobre o julgamento no STF, Lula reforçou a necessidade de imparcialidade e respeito à Constituição:
“Tem um processo, tem os autos, tem delações, tem provas e a pessoa que está sendo acusada tem o direito à presunção da inocência. Ele pode se defender como eu não pude me defender. E eu não reclamei. Eu fui à luta. Se é inocente, prove que é inocente.”
O presidente também criticou as tentativas de interferência do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no julgamento:
“Não tem por que ficar temendo a acusação americana. O que está acontecendo com os Estados Unidos é que ele exacerbou qualquer coisa que a gente já viu na história da humanidade, ao tentar julgar o comportamento da justiça de outro país. É um negócio inacreditável.”
Apesar das críticas, Lula afirmou que está aberto ao diálogo e à cooperação com os norte-americanos:
“Eu não tenho nenhum interesse de brigar com os Estados Unidos da América do Norte, nenhum. Eu tenho interesse de fazer com que essa amizade de 201 anos possa conviver democraticamente mais 201 anos.”
Por fim, retomou seu conhecido tom conciliador:
“Se houver disposição para negociar, o Lulinha Paz e Amor está de volta.”