A nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, apresentada no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, trouxe uma mudança significativa: pressões consideradas normais, como 12 por 8, passam agora a ser classificadas como pré-hipertensão. A alteração visa estimular intervenções antecipadas no estilo de vida, como redução no consumo de sal, prática de exercícios físicos e controle de peso, com o objetivo de evitar o avanço para quadros mais graves. A faixa de alerta agora inclui valores entre 120 e 139 mmHg de pressão sistólica e/ou entre 80 e 89 mmHg de diastólica. Para quem já é hipertenso, a meta foi endurecida: o controle ideal deve manter os níveis abaixo de 13 por 8, independentemente da idade ou presença de outras doenças.
O novo documento também amplia sua abordagem, incorporando pela primeira vez ferramentas de cálculo de risco cardiovascular, como o escore PREVENT, que estima a probabilidade de infartos ou AVCs nos próximos 10 anos. A diretriz traz ainda capítulos inéditos voltados ao SUS e à saúde da mulher, com orientações específicas para fases como gestação e menopausa. Atualmente, cerca de 75% dos hipertensos são atendidos na rede pública, o que justifica a adaptação das recomendações à realidade do sistema. A expectativa é que a nova classificação aumente significativamente o número de brasileiros sob atenção médica, ajudando a reduzir complicações silenciosas e fatais, como insuficiência renal e doenças cardíacas.