Projeto pioneiro usa telemedicina para orientar cirurgias cardíacas infantis no SUS

Profissionais do Hcor acompanham, em tempo real, procedimentos realizados em hospitais do Norte e Nordeste

Com apenas 7 meses de idade, a pequena Laura foi submetida a uma cirurgia cardíaca para corrigir uma má-formação congênita, relacionada à Síndrome de Down. O procedimento ocorreu no Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza (CE), e foi acompanhado em tempo real por médicos do Hospital do Coração de São Paulo (Hcor) por meio de um sistema de teleorientação cirúrgica.

Laura é uma das primeiras beneficiadas pelo projeto Congênitos, iniciativa que fortalece a rede de atendimento a crianças com cardiopatia congênita atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em três hospitais estratégicos: Albert Sabin (Fortaleza), Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Recife) e Hospital Francisca Mendes (Manaus).

Por meio da tecnologia, especialistas do Hcor monitoram os procedimentos à distância, acompanhando sinais vitais, imagens ao vivo da cirurgia e oferecendo suporte técnico durante as operações. O sistema foi desenvolvido pelo Núcleo de Inovação do Instituto do Coração (Incor), da Universidade de São Paulo (USP).

“Eles têm uma equipe de experts que acompanha todo o procedimento, desde a câmera na cabeça do cirurgião até os monitores de pressão e anestesia. Isso nos ajuda a melhorar as práticas e ampliar a segurança”, explica Geni Medeiros, cardiologista pediatra do Albert Sabin.

A cardiopatia congênita é uma das principais causas de mortalidade infantil por problemas cardíacos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com o problema por ano no Brasil, e pelo menos 11 mil precisam de cirurgia nos primeiros anos de vida. Porém, a oferta desses procedimentos ainda é limitada, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

“O Hospital do Coração de Messejana, referência em Fortaleza, já não dá conta da demanda. Com o projeto, conseguimos expandir a capacidade e formar equipes mais preparadas para lidar com casos complexos”, reforça Geni Medeiros.

A cardiologista Ieda Jatene, líder médica do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hcor, destaca que o projeto visa aperfeiçoar protocolos e capacitar equipes locais, promovendo atendimentos mais ágeis e com menos riscos: “Operar no tempo certo e com a técnica adequada garante uma vida praticamente normal à criança. Mas, sem a cirurgia, os riscos de complicações aumentam.”

O projeto Congênitos integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e prevê a realização de 60 cirurgias teleorientadas até o próximo ano. As unidades participantes foram escolhidas pelo Ministério da Saúde com base em sua relevância regional e na carência de serviços especializados em cardiologia pediátrica.

Mi Delicias

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