Senado pede prisão de Ciro Gomes por ataques à prefeita
Acusações de violência política de gênero reacendem embate entre o ex-ministro e aliados do governo

Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e candidato à presidência em 2018 e 2022, voltou ao centro de uma polêmica judicial. A Advocacia-Geral do Senado pediu à Justiça Eleitoral cearense sua prisão preventiva, alegando que ele praticou violência política de gênero contra a prefeita de Crateús, Janaína Farias (PT), ao fazer declarações ofensivas e reiteradas desde 2023. O caso inclui episódios em que o político afirmou que Janaína era “assessora de assuntos de cama” do ministro Camilo Santana, e que ela “recrutava moças pobres” para supostos favores sexuais.
A solicitação da prisão foi apresentada nos dias 1º e 4 de setembro, sob a justificativa de que Ciro representa risco à ordem pública por manter um padrão de ofensas, mesmo após virar réu por declarações semelhantes. Em caso de indeferimento da prisão, o Senado pede ao menos a imposição de medidas cautelares, como proibição de novas ofensas. A ação ganhou força após apoio público de Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, que classificou as falas como “gravíssimas” e “machistas”.
O Ministério Público Eleitoral do Ceará já havia defendido a aplicação de medidas contra Ciro em 2024, após denunciá-lo por tentar constranger, humilhar e ameaçar uma mulher no exercício do cargo político. A Justiça Eleitoral solicitou à Polícia Federal uma apuração sobre possível crime de perseguição. A defesa de Ciro, no entanto, nega qualquer ilegalidade, alegando que suas críticas tinham natureza política e não configuram crime. O advogado Walber Agra afirma que não há requisitos legais para prisão preventiva e que a atuação do Senado seria um “abuso de poder”.